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Possíveis erros ortográficos serão corrigidos assim que percebidos.

Obrigada e boa leitura.

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O som estridente do trovão me fez abrir os olhos amedrontada, assustada. Nós estávamos na primavera, e não era de forma alguma, comum, chover nessa época. Pensei que poderia ser algum tipo de brincadeira, até levantar e afastar a cortina, vendo claramente a água escorrer pelo vidro, banhando-o. O céu nublado, fechado, destruiu a minha noção de tempo me fazendo achar que era mais tarde.

Quando despertei por completo, fiz os cuidados habituais de toda manhã e comecei a perambular pelo cômodo fechado. Peguei meu vaso de flor e a pus para fora, através da janela. Alguns respingos de chuva bateram em mim, trazidas por uma onda de vento frio. Tremi momentaneamente e deixei que a água regasse a planta, observando aquele banho, sorridente, pela cor viva da minha nova amiga.

Eu também, assim como ela, me renovava ao tomar um banho de chuva; brincar com as poças, me lambuzar de sabão e percorrer o quintal da minha casa como se nada fosse mais prazeroso. Nem minha mãe ou meu pai gostavam daquilo, e geralmente ficavam apenas me observando fazer tudo, de dentro da cozinha, sorridentes pela minha imaturidade.

Finas e discretas lágrimas escorreram pelo canto externo dos meus olhos, e eu as segurei com o polegar.

Fungando, retoquei-me e retornei com o vaso para dentro, fechando a janela novamente.

Sob a mesa de centro também estava meu celular, e eu o ouvi soar e vibrar notificando-me de uma nova mensagem.

De: Christopher Wayne
Assunto: Convite
Data: 30 de maio de 2014
Para: Dulce Escobar

Srtº Escobar, lhe informo que hoje a noite sairemos num jantar formal, fora de casa.

Esteja pronta ás oito.

Christopher Wayne
CEO, Wayne Enterprises, inc.

Christopher pretendia me levar a um jantar, ainda por cima formal, mesmo depois de nem sequer dar as caras, ORDENANDO apenas pelos seus e-mails a modelo granfino.
Não conseguia me adaptar a receber aquelas coisas, não era uma forma de comunicação que eu costumava usar, até porque os únicos e-mails que recebia eram de ofertas de lojas, passagens e dicas de dieta.

Odiava ordens, odiava estar presa, odiava ser comandada por ele. Conclusão final: Não vou a jantar nem um!

Nem me dei ao trabalho de responder, voltando a jogar o celular sobre a mesa, e indo tentar fazer alguma coisa para passar o tempo.

Alfredo veio nos horários das refeições me pedir para descer, e eu me neguei. Ele pareceu não se conformar, mas mesmo com a minha discórdia o mordomo trouxe, tanto o café, como os lanches e almoço, dentro do quarto.
Se repetiu o meu desejo de distância de todos.

Ás seis da tarde, um dos seguranças entrou e deixou uma caixa branca nas minhas mãos. Dentro tinha um vestido vermelho, sem muitos detalhes, básico, mas bonito. O único decote que havia nele era dos ombros, em que as alças ficavam caídas, deixando meu colo bem visível. Meu busto tinhas algumas sardas, para não dizer muitas, e elas me incomodavam.

"Meu amor, isso faz de você diferente das outras... E são lindas"

Não sei em qual planeta minha mãe tinha ouvido que elas eram lindas. Mas os detalhes daquela peça pouco me interessavam, eu não iria mesmo. Abandonei o vestido na caixa e a pus dentro do closet.

E o celular não parou de vibrar os pedidos e alertas dele.

De: Christopher Wayne
Assunto: Sem respostas
Data: 30 de maio de 2014
Para: Dulce Escobar

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