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Meus olhos estavam cansados e com um desapontamento visível. Desde que retornei do hospital meu último contato mais próximo de Wayne foi no dia da visita de Samantha. Nós dois nos abraçamos com dor, mas após a troca de afago, o silêncio retomou o ambiente. Subi para o quarto, e desde então permaneci recolhida.

Ali, sentada naquela sala de procedimentos, aguardei a mulher retirar o gesso e avaliar a aparência da minha perna. Ela estava assustadoramente pálida. Notando a minha surpresa a mulher logo se pronunciou.

— Não se preocupe, essa aparência ruim vai mudar em alguns dias, assim que for na praia tomar banho de sol — disse com simpatia.

— Espero que sim — concordei.

Wayne me surpreendeu dando entrada na sala, cheio de papéis assinados.

— Como ela está?

— Pelo radiografia o médico confirmou o fim da lesão. Ela vai precisar fazer apenas alguns exercícios para retomar os movimentos comuns da perna, fora isso, tudo está muito bem. Parabéns, Dulce. Sua recuperação foi bem rápida!

Agradecemos e fomos dali. No meio do percurso, repensei a proposta da mulher com certa audácia.

— Quer me dizer alguma coisa?

Meus olhos se atentaram a percepção dele. Como podia notar minha inquietação enquanto dirigia? Sempre muito peculiar.

— Gostaria de ir até uma praia.

Ele parou o carro com pressa. Achei que fosse pelo pedido, mas na verdade o sinal havia fechado. Wayne aproveitou a chance e me encarou.

— Tem alguma preferência?

Confesso que pensei que ele questionaria o desejo repentino, porém, fui surpreendida pela sua descrição. Não era seu do perfil.

— Qualquer uma que tenha areia branca e sol.

— Tenho uma casa de praia em Maragogi. Acho que seria suficiente.

— Onde fica isso?

— No Brasil.

— Brasil?! — contestei — Wayne, eu só quero ir à praia. Não precisa ser tão longe.

— Dulce, de avião nem um lugar é distante — rebateu ligando o Bluetooth do celular conectando-o com o carro. A ligação iniciou junto do sinal verde no semáforo — Alfredo?

— Sim, senhor Wayne.

— Ligue para Carlos e Júlia, e mandem que preparem a casa. Amanhã estaremos lá.

— Claro, senhor. Quer as malas prontas?

Antes de responder, ele me olhou buscando confirmação.

— Precisa de algo em especial?

Reflete alguns segundo até obter a resposta.

— Alfredo, pegue dentro da minha caixa de joias, um colar com pingente de cor azul.

Christopher me olhou intensamente, já imóvel em outro sinal vermelho. Eu consegui surpreendê-lo mais uma vez.

— Sim. Mais alguma coisa?

— Não. Estamos indo até o aeroporto. — Continuou ele. Finalizando a ligação.

Eu devia imaginar que seria instigada a muitas perguntas, mas novamente o silêncio persistiu. Aquele colar tinha um propósito. O primeiro presente que ganhei dele antes do nosso primeiro evento social juntos. Eu me senti orgulhosa naquele dia usando uma peça tão refinada.

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