Possíveis erros ortográficos serão corrigidos assim que percebidos...
Acordei com o som de uma música alta tocando como se estivesse dentro de um teatro.
— Olá! Bom dia.
— Oi — Retruquei esfregando os olhos com os vestígios do sono e escondendo-me um pouco com o cobertor, não por estar de roupas de dormir, porque eu não usava elas, e sim um vestido até os joelhos ainda do dia anterior, mas por ter sido pega de supetão.
Mais um desconhecido. E esse parecia bem mais estranho que os outros.
— Já fiquei sabendo da sua perda de memória.
— Então sabe que não sei quem é você.
— Theo — se apresentou — Eu era seu professor particular.
— Era?
— Fiquei afastado um tempo do trabalho, mas minha tia fez questão de me arrastar até aqui, inclusive de subir, já que o Wayne não está.
Quando pensei em expor alguma coisa, a voz da cantora gritou mais forte, e nós dois nos assustamos. Ambos olhamos para o pequeno rádio, mas apenas ele gargalhou majestoso. Era um belo sorriso, combinados a olhos azuis.
— Foi mal. Eu li em algum lugar que música clássica ajudavam nesses casos.
— Acho que até agora não foi muito eficiente.
Nós dois rimos um longo tempo. E foi estranho, porque eu senti uma afinidade distinta com ele.
— Amigos?
— Oi?
— Nós dois.
— Na verdade nós dois éramos namorados, e você corria atrás de mim. Mas eu terminei mesmo assim, porque gostava de outra.
— Como? — Eu fiquei aterrorizada.
Percebendo minha reação, ele riu outra vez e só depois disso relaxei, brava, notando a brincadeira nada divertida.
— Não fiquei assim. Eu queria fazer você sorrir um pouco.
— Que maneira estranha de fazer isso.
— Eu sou estranho Dulce. Você dizia isso o tempo todo — Afirmou com um fio de recordação. Theo ficou pensativo — Fique tranquila, nós somos bons amigos, apenas isso.
— Deve ser verdade... porque você está dentro do mesmo quarto que eu.
— Acredita que é a primeira vez? — Ele disse quase caçoando — Acho que ninguém estranho nunca entra aqui.
— Agora todos são estranhos.
Reafirmei, com certa amargura. Era muito ruim, doloroso até, perceber que sua própria história foi extinta de um modo sem sentido. Ele se aproximou, pegando com alegria uma caixa que estava cima do criado mudo ao lado da cama. Quando ficamos próximos, Theo a abriu, e uma bailarina começou a dançar ao som de uma sinfonia calma. Normais daquele tipo de objeto. Algo dentro de mim queria ouvir e ver bem mais daquilo, sem ter um limite. Eu o encarei, e logo em seguida voltei a admirar a sutileza da caixinha de música.
— Eu dei isso a você no seu aniversário, e não tinha ideia de que a mantinha tão perto. Confesso que pensei que devia estar em alguma gaveta.
— Quando eu era criança, minha mãe me deu uma parecida — Recordei — Adorava ficar por horas olhando as muitas voltas que a bailarina dava. Me acalmava, então deve ser por isso que a pus aí. Perto.
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Sold
Fanfiction*Fanfic Vondy A fatalidade une o destino de Dulce Escobar, uma garota de apenas dezessete anos, ao de Christopher Wayne, um homem bem mais velho e misterioso que divide opiniões. Para Dulce a vida não é feita de coincidências, e ela tem mais certeza...