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Possíveis erros serão corrigidos assim que percebidos.

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Sempre...

Christopher tinha uma razão para dizer aquela palavra com tanta designação.

Depois de se declarar ele segurou minha mão e pediu que o acompanhasse até a cama. Sentados, nossos olhares se cruzaram no escuro e uma forte onda de medo me atingiu.

— Eu dei algo a você... um colar com um amuleto como pingente. Consegue imaginar onde o guardou?

— Posso tentar.

Apenas eu me levantei, roubando a única luz, e indo até minha penteadeira revirar as caixas de joias e gavetas até encontrar um pequeno estojo quadrado com o tal colar dentro dele. O pingente era chamativo e isso o tornava fácil de detectar em meio as outras peças.

Retornei assim que confirmei ser a mesma joia que Wayne mencionou. A pedra rodopiou entre os meus dedos sendo analisada por mim como um artefato peculiar.

— Esta? — Perguntei mostrando-a a ele.

O homem deu um leve sorriso com o nariz.

— Sim. Ela mesma.

Christopher estendeu a mãos e recebeu o colar olhando-o de uma forma carinhosa. Ele apertou o pingente na sua palma e segurou minha outra mão. Não interrompi o seu olhar meigo ao admirar a peça.

Parecia ser algo importante, mas até o momento não significava nada para mim.

— Quer que eu te conte como nos conhecemos?

— Alfredo me contou algumas coisas sobre isso — me adiantei — até mesmo que não houve uma "boa primeira impressão" entre nós. Mas eu sei que foi no dia em que vocês me resgataram daquele lugar.

Ele riu outra vez e segurou o queixo num gesto clássico avaliando a minha ingenuidade.

— Não foi nesse dia, Dulce.

— Não? — Questionei — Porque está falando sobre esse assunto agora?

— Porque eu ganhei isto de você.

Franzi o cenho muito confusa com o jogo de palavras. Olhei mais uma vez para o objeto e voltei a encará-lo.

— Isso não me diz nada.

— Faz muito tempo... tempo demais.

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Eu estava muito incomodado por ter que usar aquele terno preto e calças apertadas enquanto todas aquelas pessoas vinham na minha direção soletrando condolências sem sentido só para me lembrar que era mesmo o velório do meu pai. E como se não bastasse, eu tinha que agradecer de volta e agir como se fosse uma situação habitual.

Meu pai sentiu fortes dores no peito durante uma discursão com a minha mãe, e logo em seguida teve um infarto irreversível. A famosa morte fatídica.

Ela? Com certeza estava sentada em algum lugar bem longe dali disfarçando o fato de estar viúva e se lamentando como se fosse responsável pelo o que aconteceu.

Eu precisava dela, muito, mas depois da morte ser confirmada na nossa frente, minha mãe correu e ninguém mais a viu naquele dia.

Na hora do enterro o padre leu as mesmas escrituras e fez o seu sermão de que esta vida era apenas uma passagem para a nossa real estadia. Eu não me considerava uma pessoa muito crente em religiões, mas assim que ouvi aquilo eu realmente quis confiar que fosse verdade.

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