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Ninfeta!

Eu subia as escadas após a minha aula quando ouvi aquele apelido ser dito em alto e bom som, soando como a provocação mais cansativa de todas. Revirei os olhos e apertei os cadernos contra a peito, parando de mover o pé em cima de mais um dos degraus. A mão fina de Samantha pousou no meu ombro antes dela me virar.

— Estava com saudades de você.

Disse provocativa, e eu dei de ombros voltando a subir. Ela se pôs do meu lado, fingindo não notar o fato de eu estar a fim de ignorá-la, e me acompanhou.

— Fale comigo! Eu sou o motivo dessas roupas novas tão bonitas!

— Oi — retruquei automática.

— Dulce, eu...

— Ah, agora sim, prefiro quando diz o meu nome — interrompi.

A minha reação de parar e virar finalmente para olha-la com um sorriso sarcástico, fez a morena arquear a sobrancelha e soltar uma curta risada derrotada.

— Você é uma graça — completou dando outra risadinha — Agora sei porque conseguiu amolecer o Wayne.

Eu erubesci pela invasão dela, engolindo em seco.

— O que você quer? — murmurei, voltando a caminhar.

— Só vim buscar uns papéis que seu amado esqueceu. Ele parece estar no mundo da lua ultimamente — ela reclamava soando quase que aborrecida.

Eles se pareciam mesmo com dois irmãos brigões.

— Vá depressa, é melhor, Christopher deve estar esperando.

— Pare de querer se livrar de mim a toda hora Dulce, já falei que não sou inimiga. Se continuar assim, não vou fofocar sobre algumas coisinhas que ando vendo nas empresas Wayne...

No meio do corredor, eu parei, estática.

— Está falando de Beatrice?

— A-ha, então você se interessa agora. Espera, Wayne te disse? Ele me falou que não tinha dito!

— Vai falar ou não?

— Vou ser rápida, esses papéis são mesmo importantes.

Ressaltou me deixando irada pelo suspense característico dela.

— Está sendo um verdadeiro saco trabalhar com ela na empresa, mas parece que alguma coisa aconteceu ontem, porque Christopher fez um escândalo com Beatrice.

— Hmm, que chato.

— Dulce Escobar, diga agora! Sei que está envolvida em alguma coisa.

— Você veio contar ou saber Samantha?

— Saber.

Rolei os olhos mais uma vez e entrei bufante no meu quarto. Deixei os cadernos sobre o sofá, e quando me virei para o lado, dei um salto para trás evitando de bater contra ela.
Essa mulher ainda estava ai!

Eu cruzei os braços, batendo a ponta do pé, deixando claro que queria ficar sozinha. Mas para a minha surpresa ela curvou os lábios em um sorriso e me abraçou. Samantha era muita alta, típico de uma negra descendente de Europeus, como Alfredo mesmo havia delatado. Não tive reações no momento, porém, mantive minhas mãos cruzadas.

Assim que ela se afastou, eu não escondi a minha desconfiança.

— Dulce, eu estou mesmo muito feliz por você estar mudando o Christopher.

— Eu não fiz nada.

— Fez sim — insistiu — Tome, eu trouxe isso como presente de aniversário. Atrasado, já que aquele energúmeno que você gosta não me disse nada. Tive que saber pelo Theo.

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