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Christopher Wayne

Eu não esperava que aquele dia fosse mesmo um bom dia, até porque após os sorrisos bobos e olhar doce de Dulce ao ganhar seu primeiro carro nada mais foi interessante no resto da manhã.
Nosso momento único foi interrompido quando mais uma vez me obrigaram a ir na bendita delegacia.

- Olá, sr. Wayne - a voz autoritária e um pouco superior do homem que me olhou por cima dos blocos de papéis não me fez mudar a expressão desconfiada.

- Não entendi porque ainda tive que vir.

- Foi por nossa causa - o coro que entrou me forçou a dar espaço dando um passo para o lado assim que os cerca de "seis homens" surgiram.

Eles usavam coletes, botas, seguravam armamento pesado e com certeza trajavam uma roupa bem mais intimidadora do que a do simples delegado.

Quem eu deduzi ser o superior saiu detrás de um deles é se pôs na minha frente.

- Eu sou o capitão Brad, somos do FBI e este é um terço da minha equipe.
Disse curto.

- Sim, eu vi que são, mas ainda não sei porque estou aqui.

- Sr. Wayne, eles querem saber mais do acontecimento na boate - sugeriu o delegado.

- O que mais eu poderia dizer? Já foi tudo esclarecido.

- O senhor sabe quem morreu naquele lugar? - a ironia disfarçada de poder não foi convidadora.

- Muitas pessoas... e um criminoso perigoso.

- Sim, perigoso, mas alguém que você matou.

- Ah, então eu vou ser preso por isso?

- Não vamos perder a compostura, eu apenas quero esclarecer que ainda há muito o que fazer.

****

Mexendo nos cabelos impaciente eu tentei me concentrar em cada palavra que aquele tal de Capitão Brad havia me dito na sala minúscula minutos antes de eu sair de lá com a pequena questão em mente.
Minha boca secou e os meus pulsos fecharam contendo a raiva que me consumia por dentro.

Até que a porta do meu quarto se abriu e aquele pequeno rosto angelical, meigo e envergonhado se mostrou para mim contido na entrada.

- Desculpe, mas eu vi você chegar e decidi vir aqui.

- Não precisa pedir permissão para entrar, Dulce.

- Hmm, mas Alfredo me disse que antes eu precisava pedir.

- Esse velho está me saindo um fofoqueiro excelente - zombei tentando fazê-la sorrir e espantar minha própria agonia, e como pensei, consegui.

Ela riu com a face toda avermelhada igual da primeira vez que nos vimos.

- Não o culpe. Ele também fala coisas boas.

- Verdade? E que coisas? - induzi mesmo imaginando que seria ignorado.

- Wayne, não de importância às coisas que Alfredo disse e sim ao que elas provocaram.

A última fala da minha pequena de cabelos castanhos e ondulados foi dita sobre o som da porta se fechando. Escobar a empurrou com as mãos por trás das costas, acuada, mas cheia de interesse.

Observei suas reações minuciosamente.

As pernas bambas, o olhar perdido, as maçãs coradas. Tudo nela transpirava desejo.
Então eu me aproximei parando no meio do percurso e esperando que ela viesse até mim, e ela veio.
Suas mãos se envolveram em minha nuca e a sua boca beijou a minha, com cuidado, tendo medo de se arrepender da ousadia.

Nos afastamos por alguns minutos depois do beijo, recuperando o ar.

- Christopher, eu quero beijar você e quero que me leve para a cama...

As palavras dela ditas quase que em um sussurro me deixaram excitado, e sem controle nem um peguei sua cintura, e a trouxe para mim.

- Eu disse para não temer.

- Por isso eu estou aqui. Eu quero você, e precisava dizer isso. Por favor...

O último pedido fez as luzes se apagarem.

****

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