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Dulce

Ainda com um pouco de dor e com as costas apoiadas, permaneci sentada controlando a respiração e esperando que alguém aparecesse naquele lugar e me arrancasse de lá, ou até mesmo o som das sirenes serviriam para me dar mais esperança. Mas eram ilusões de alguém com expectativas.

Naquele exato momento a única coisa que consegui pensar foi nas palavram de Wayne suplicando a minha permanência na mansão "é perigoso" ele disse, mas o meu maldito orgulho herdado da família Escobar, e o medo, foram mais uma vez os meus maiores inimigos.

Não havia o que fazer. Como eu poderia raciocinar com a boca seca e amordaçada, ao mesmo tempo em que meus braços eram envolvidos por cordas com seus nós apertados. Meu corpo estava praticamente impossibilitado de se mover, e quando acreditei que ficaria mais alguns dias aprisionada daquela maneira, os passos firmes de alguma pessoa se aproximando me restauraram a atenção.

- Tirem a venda - ordenou a voz feminina.

Quando a modesta luminosidade atingiu meus olhos, bati os cílios repetidas vezes até me readaptar. O homem que seguiu as ordens também retirou a mordaça.

Umidifiquei os lábios ressecados com a língua jurando que isso mataria a minha sede.

- Bom Dia, Srtª Escobar.

O meu sobrenome. Ela sabia o meu sobrenome e quem eu era, mas por mais que eu me esforçasse para relembrar dela, nada além da escuridão da minha mente surgia.

- Tem alguma pergunta a fazer? Você parece tão a fim de falar - o sarcasmo daquela fala me dava nos nervos, e por causa disso eu tremi.

- O que querem comigo?

- Muitas coisas. - Respondeu breve - Dentre elas, vingança.

- Contra quem?

- Você mesma, maldita - Zombou - Por sua causa eu acabei sendo bastante humilhada, e para alguém como eu isso é bem grave. Requer prejuízos.

- Eu não lembro de nada do que fiz...

- Claro que não, você agora é uma demente. Não é isso? - A pergunta foi feita sob uma risada maquiavélica.

Por um segundo minha cabeça doeu, e aquele som ecoou dentro do meu cérebro. Aquele riso. Eu sabia que o conhecia de alguma forma.

- Leonor.

No meio da sua exibição a mulher ficou rígida e fechou os punhos quando uma outra voz, mas desta vez masculina, adentrou o cômodo e fez com que os capangas dela se afastassem.

Até então ele não tinha rosto algum, mas depois de alguns segundos sua presença foi parar na minha frente, e mais uma vez recebi o olhar de alguém que me reconhecia.

As frustações de não saber de nada maltratavam mais do que a situação em si.

Ele era um homem velho e aparentemente poderoso. Todos ali o reverenciaram com covardia assim que entrou.

- Está intimidando nossa convidada?

- Estávamos apenas conversando, senhor.

- Leonor - Repetiu depois de um curto silêncio reflexivo - Dulce tem um valor para nós, e você sabe bem disso. Não a assuste agora, entendeu? - Ao ouvir a repreensão a mulher confirmou balançando a cabeça e me lançando um olhar cruel.

Engoli em seco e desviei a vista. Meus olhos foram em direção a ele que parecia prever minha ação. Com uma calma segura, o homem esperou por mim.

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