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Christopher Wayne
(20:05 h)

Fazia mais ou menos uma hora desde que decidi deixar a delegacia e dirigir pelas ruas e avenidas sem um destino certo. Mesmo que eu quisesse saber notícias dela o tempo parecia correr e cada vez mais as nossas chances se tornavam nulas.

Quando o semáforo bem na minha frente ficou vermelho, freei o carro e esperei os segundos que restavam. Na faixa de pedestres, um casal caminhava com uma criança. Ambos seguravam em cada uma das mãos da menina, proferindo caras e bocas na tentativa de mantê-la sorrindo.

"Porque sempre enxergamos os outros tão plenos?"

Aquela cena me obrigou a pensar na condição de Dulce e no fato dela estar grávida. Era quase inacreditável ver um futuro, uma família, coisas construídas depois de ter plena certeza que nada mais de bom poderia acontecer na minha vida depois da morte do meu pai e a internação da minha mãe.

Perto da caixa de marchas o meu celular tocou, e na tela, o número desconhecido. Após quatro toques acionei o botão do fone Bluetooth.

— Alô?

— É o senhor Wayne? — Perguntou a voz resoluta.

— Quem quer saber?

Se for mesmo você, por favor, volte para a delegacia. Acabamos de ter notícias do paradeiro da sua protegida.

— Onde ela está?! — Foi impossível disfarçar o tom de ansiedade.

Em uma boate a alguns quilômetros de São Francisco.

A pessoa do outro lado da linha continuou insistindo para que eu fizesse aquilo

— Como posso confiar em algo tão óbvio? — Questionei pensando em o quão burro seriam eles se a levassem para aquele mesmo lugar.

Ouvi o momento em que alguém pediu o celular para o policial, e se envolveu na conversa. Era Theo.

Christopher, eles vão matá-la!

— Eu vou encontrá-la.

Não! Não pode fazer isso sozi...

Encerrei a ligação sem dar importância ao que ele pretendia me falar. Em um ato repentino, girei o volante no sentido contrário dando a volta rapidamente acelerando o máximo que pude.

Anna
(19:57 h)

O pretexto de usar o banheiro antes de voltar para o sótão não ia satisfizer por muito tempo os brutamontes do lado de fora, por isso, tentei ser a mais rápida possível em: Pular a janela, andar pela fina esteira de concreto e saltar para dentro de uma das salas de despacho — onde as garotas eram avaliadas e dispensadas aos clientes — Aquele lugar me deixava muito debilitada.

Me equilibrei com cautela quase caindo do segundo andar algumas vezes. No meio do percurso, antes de chegar ao meu destino, avistei a cozinha. Ela estava vazia e completamente favorável a ideia impensada que tive.

Assim que me joguei para dentro da sala de despacho, caí rolando sobre o assoalho pegando bem rápido o telefone fixo que estava sob a mesa.

Disquei imediatamente o número da emergência.

— Alô, é da delegacia? Preciso denunciar um sequestro.

Sequestro? Quem está falando? Por favor, se identifique, senhora.

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