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Possíveis erros ortográficos serão corrigidos assim que percebidos.

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Christopher

"Christopher! Por favor, me dê sua mão!"

Eu mais uma vez tentei estendê-la para ela, mas de repente a nossa distância aumentou ainda mais.

"Não me deixe aqui, sozinha..."

"Dulce!" Gritei assim que ela começou a desaparecer no meio da nevoa com o semblante carregado de dor.

Abrindo os olhos com rapidez, me lancei para cima e atentei instantaneamente a mulher que estava bem ao meu lado. Samantha me encarou um pouco assustada, mas logo se recompôs quando percebeu o que havia acontecido.

Minha testa estava suada e todo o meu corpo transpirava de aflição. Aquela era a terceira vez que aquele mesmo pesadelo se repetia em menos de vinte e quatro horas. A exaustão me obrigava a adormecer mesmo quando a única coisa que eu queria fazer era permanecer acordado.

- Outra vez, Christopher?

- Me deixe em paz, Samantha. Não tenho forças para sermões seus.

- Talvez se comesse alguma coisa isso não acontecesse tantas...

- Você acha que preciso de comida? O que eu preciso de verdade está bem longe daqui, e eu não sei o que fazer para recuperá-la.

Ainda acomodado no sofá pensando em todas as possibilidades possíveis de resgatar Dulce, permaneci carregando o peso intolerável dentro do peito. Ela estava perdida em algum lugar, talvez gritando o meu nome como no sonho.

Depois de um tempo a sós, olhei para um lugar vago dentro do cômodo privativo da delegacia e meu cérebro de alguma forma resolveu projetar a imagem de Dulce, de pé, olhando na minha direção com um riso suave. O mesmo que ela costumava me demonstrar quando ainda se lembrava de nós. Foquei no delírio encobrindo ao máximo as lágrimas insistentes que teimavam em me desconsertar. Só eu podia vê-la, e tinha absoluta consciência disso. Quando recobrei meu total bom senso a imagem dela desapareceu e os meus cabelos foram repuxados pelos meus dedos que o entrelaçaram com fúria.

Enterrei o rosto nas mãos e sustentei os cotovelos nas coxas.

Ninguém se atrevia a me interromper, cientes de que isso traria mais ira da minha parte. Porém, o professor não era tão atento a esses detalhes. Theo entrou no ambiente invadindo totalmente o meu pequeno espaço.

Por cima de mim, ouvi a hora em que Samantha tentou contê-lo de se aproximar, mas o rapaz se desfez da contenção e andou até mim.

- Precisamos conversar.

- Outra hora - Falei curto e agressivo.

- É sobre Dulce.

Na hora em que escutei o nome dela sair da boca dele, minha vista se ergueu e nós trocamos olhares fixos.

- Tia, por favor, nos deixe a sós.

A exigência dele deixou a morena admirada, e embora ela estivesse determinada a permanecer ali, eu também a pedi que saísse, reforçando o pedido.

Com indignação pelo seu ego, ela saiu.

- Lembrou de mais alguma coisa? - Cogitei esperançoso.

- Não exatamente, mas ouve algo que eu ocultei.

- O que está esperando para dizer?!

Theo respirou fundo algumas vezes antes de voltar a mover os lábios.

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