Sr. Tuan passou por mim sem me direcionar o seu olhar. Seu semblante estava sério, possuindo um aspecto frio. Eu não tirava a sua razão de estar daquela forma em relação a mim, provoquei as suas ordens, e não seria nada errado pagar por elas.
Vi dois dos cinco garotos saírem da cozinha. Mark era um deles, e o outro, que eu não havia visto antes, era o maior entre eles. Percebi Mark olhar de relance para mim, e não hesitei em olhá-lo também. Nossos olhares se cruzaram, mas eu pressentia que no fundo daquele seu olhar simples, poderia estar tomado de fúria e indignação.
Eu realmente havia começado a pensar que talvez tivesse sido um erro desobedecer Sr. Tuan. Talvez, agora, eu já não estivesse mais somente por um tris de perder o meu emprego, mas sim, já no buraco, o mais profundo possível, onde nem sequer a luz do sol fosse capaz de ser notada.
(...)
"Arrume suas coisas". Aquela frase não parava de rondar em minha cabeça. Eu esperava que a qualquer momento a Sra ou o Sr. Tuan entrasse em meu quarto e dissesse elas, enquanto olhava friamente em meus olhos. E qual seria a minha reação? Nenhuma. Eu não poderia manifestar-me, pois eu não conteria argumentos suficientes para me dirigir a eles. Eu apenas estava esperando o momento para...
— Não vai arrumar as suas coisas?
Vi Elizabeth adentrar ao quarto. Sua estrutura facial estava tranquila, parecia que ela nem se importava com possivelmente eu estar indo embora.
— Huh... — Levantei da cama, sentando-me. Olhei para os meus dedos entrelaçados sobre os meus joelhos, enquanto pensava em algo para dizer.
— Não vai arrumá-las?
— Eu... — Aperto os olhos, tentando não chorar. — Me desculpe.
— É... Deveria ter pensado nisso, antes de sair como uma louca. — Disse. — Agora você está conhecida nacionalmente, ou talvez... Mundialmente.
Mordi meu lábio inferior, tentando amenizar o nó que se formava em minha garganta.
— Eu pensei que fosse uma brincadeira sua, por estar apreensiva em me ver beber de novo.
— Por você beber de novo? — Elizabeth solta um riso nasal. — Por que eu ficaria preocupada com isso? Eu não sou a sua mãe. E mesmo que fosse... A vida é sua. Você faz com ela o que bem entender.
— Se eu estivesse levando o meu emprego mais a sério nesses dois últimos anos... Talvez eu me limitasse de ser demitida.
— Demitida?
— Sim.
— Quem falou em ser demitida?
— Eu sei que, aquela conversa do Sr. Tuan na cozinha... Era sobre me demitir.
— Sério?
Sua voz transmitia um tom em deboche.
— Então... Você entendeu tudo sobre o que ele conversava?
— Sim...
Permaneci com o meu olhar baixo.
— Então... Sabe que teremos que ir para a Coreia amanhã?
— Já está decidido. Ele vai me demitir... — Levantei a minha cabeça rapidamente, olhando para Elizabeth, espantada. — C-Coreia?
Ela afirmou com a cabeça e quase senti o meu coração sair pela a boca.
— Então... Eu não fui demitida?
— Não, ainda.
Levantei-me da cama e corri até Elizabeth, abraçando-a fortemente.