Doze horas dentro de um avião, quase treze. Eu estava acabada, além de não ter conseguido ingerir nenhum tipo de alimento, por possuir um mal hábito de não comer enquanto viajava. A única coisa que eu ainda havia ingerido com facilidade, tinha sido somente água, mas para apenas molhar a minha garganta.
Eu jurava que minhas pernas iriam encolher, por ter passado tanto tempo sentada. Elizabeth estava ao meu lado, e eu que pensava que a faria de travesseiro, acabou sendo que a minha ideia havia sido roubada.
Descemos no aeroporto e seguimos para uma van, a qual eu e Elizabeth entramos e nos separamos dos outros, que haviam ido em uma segunda van.
O trajeto foi praticamente saindo do avião e indo para aquela espécie de carro, enfrentando mais alguns minutos diante ao trânsito de Seul.(...)
Paramos em frente a uma casa, que ficava um pouco distante do centro da cidade. A van que vinha com os outros já havia chegado um pouco antes de nós. Desci do carro e peguei minha mochila e minha bolsa de viagem. Caminhei até a entrada da casa, onde não hesitei em apreciar a bela estrutura que ela possuía. Sr. Tuan conversava com alguns dos meninos, Elizabeth retirava as suas malas da van e eu seguia para dentro do local. Passei pelos portões e admirei o enorme jardim ao redor. A grama verde, algumas flores distantes e um pátio de frente a uma fonte de água. Percebi alguns refletores ao redor, e logo uma linda imagem do pátio iluminado à noite veio em minha cabeça.
Direcionei-me até a sala, parando próximo ao sofá enquanto esperava os outros também entrarem.
— Poderíamos comer fora!
— Prefiro pedir.
— É?
— Por que sair para comer fora, se pode pedir para comer em casa?
Escutei o diálogo, ainda incompreendido por mim, entre JB e BamBam, que direcionaram-se até o sofá a minha frente, sentando-se.
—... Eu vou para o meu apartamento. Mas venho aqui amanhã.
Escutei uma parte do diálogo entre Mark e Sr. Tuan, que conversavam enquanto entravam na sala.
Esperei Sr. Tuan me dar suas ordens sobre o que eu deveria fazer na casa, mas o mesmo não tocou no assunto sobre "trabalho". Fitei o chão um pouco sem rumo, ao ouvir o diálogo deles alternados entre o coreano e o inglês.
Elizabeth tocou em meu braço e apontou para a escada. Observei-a e a segui até o andar de cima, parando em frente a uma porta branca com uma maçaneta de cristal.
— Você ficará aqui até eu tentar retirar as caixas do quarto ao lado.
— Certo. — Concordei. — E você? Tem um quarto aqui? — Perguntei emitindo preocupação.
— Claro. — Disse ela como se fosse óbvio. — O meu quarto é no final do corredor... Após o banheiro.
Disse ela e olhei em direção ao fim do corredor, notando a porta que levaria ao quarto dela.
— Ok.
— Coloque suas coisas no quarto. Descanse, e... Coma!
Disse ela, fazendo-me rir. Eu realmente precisava comer e Elizabeth sabia muito bem daquilo.
Entrei no quarto e fechei a porta. Segui caminho até a cama, colocando minha mochila e minha bolsa sobre ela. Peguei uma toalha dentro da mala, decidindo ir tomar banho.
Aproveitando que havia um banheiro dentro do quarto, e que eu não precisaria sair para ir até o outro que tinha no corredor, despi-me ali mesmo, deixando minhas peças de roupas no chão próximo a cama. Encaminhei-me até o banheiro e entrei, indo até o Box e ligando o chuveiro. Encostei a porta do divisório, deixando-a aberta só um pouquinho, apenas o suficiente para o meu braço passar e alcançar a toalha ao lado.
Alguns minutos após, escutei alguém entrar no banheiro. Tentei ver quem era, mas como o vidro do Box estava embaçado, apenas vi uma silhueta, a qual não sabia identificar de quem era. Depois de segundos, a silhueta moveu-se até a saída.
Desliguei o chuveiro e peguei a toalha, enrolando-a por volta de meu corpo e saindo para voltar ao quarto. Talvez tivesse sido Elizabeth a procura de alguma coisa. Pensando desta forma, chamei-a por seu nome assim que voltei ao quarto.
— O que?
Elizabeth aparece na porta, segurando um cesto de roupa suja. Ao ver o objeto em suas mãos, logo percebi que o meu pensamento estava certo, e que realmente tinha sido Elizabeth que havia entrado enquanto eu tomava banho.
— Huh... Nada.
Neguei com a cabeça, já que eu apenas chamei por seu nome para tentar tirar a dúvida sobre algo.
— Ah... Ok.
Disse suas últimas palavras antes de sair da entrada do quarto e continuar com o que estava fazendo. Caminhei até a porta e a fechei. Voltei até a cama e comecei a trocar-me, pegando algumas peças de roupas dentro da minha mochila.
Faltava somente eu vestir a minha blusa de mangas longas, quando alguém abre a porta inesperadamente, pegando-me com o sutiã ainda à mostra.
— Poderia me dar esta toalha sobre a cama?
Arregalei os olhos ao ver Mark na porta. Automaticamente me virei de costas, tentando não deixar a minha parte da frente visível aos seus olhos.
— É... Huh... — Fui deslizando para o lado para pegar a toalha. Segurei o pano com uma das minhas mãos e caminhei de costas até ele, pare que o mesmo não pudesse ver nada. — Aqui! — Joguei a toalha por cima de meu ombro para que ele pegasse-a.
—... Obrigado.
— D-De nada.
Soltei um suspiro aliviado ao vê-lo ir embora. Fechei a porta e escorei a minha cabeça nela, fechando os olhos por alguns segundos. Por que a toalha dele estava sobre aquela cama?
Senti alguém abrir a porta bruscamente, empurrando-me para o chão.
— O que está fazendo escorada na porta?
Elizabeth perguntou. Levantei-me do chão e limpei os meus joelhos.
— Eu fui fechá-la... — Peguei a minha blusa que estava caída no chão. — O que quer?
— Eu vim avisar que irei sair com a Sra. Tuan para fazer compras.
— Huh... Certo. — Falei como se eu não estivesse prestando muita atenção naquilo e vesti a minha blusa.
— Mark sairá junto com o Sr. Tuan e os meninos. — Continuou. — Você ficará em casa sozinha. — Disse. — Vê se não põe fogo na casa. — Completou, deixando um sorriso irônico estabelecer-se em seus lábios.
— Ha, ha. — Sorri sarcástica.
— Cuide-se!
— Tá, mamãe!
Ri e abri um sorriso. Fechei a porta logo após a sua saída e caminhei até a cama, deitando-me. Peguei o meu celular e o controle da televisão sobre o criado-mudo. Liguei a tevê e coloquei em algum canal. Mas o que eu não havia lembrado, era que exatamente TUDO, estava em coreano, e eu não entendia absolutamente nada. A única coisa que eu tinha conseguido identificar era que o canal parecia se referir ao clima e tempo da cidade, mas além disso, nada mais consegui entender.
Soltei um suspiro e desliguei a televisão, virando para o lado e encarando um relógio sobre o criado-mudo. Marcava ainda 3 horas da tarde. O fuso-horário estava matando-me, além do fato de eu estar extremamente cansada.
Fechei os meus olhos e tentei dormir um pouco, pensando em descansar para que mais tarde eu estivesse um pouco mais disposta.