Capítulo 12

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— Trovões te assustam?

Abri meus olhos ao ouvir sua voz. Eu estava de frente ao seu peito, com meus braços por volta da sua cintura e a testa encostada um pouco abaixo do seu ombro. Eu havia o abraçado?!

— Huh? É... — Me afastei do seu corpo, retirando meus braços da sua cintura. — D-Desculpe, eu... Não queria abraçá-lo. — Desci o meu olhar, fitando o carpete de camurça cinza.

Eu não pretendia abraçá-lo, mas foi algo por impulso. Eu realmente tinha me assustado com aquele trovão e recorri a primeira coisa que vi em minha frente para tentar me proteger. E Mark foi o meu alvo. O ato tão inesperado acabou surtindo efeito sobre mim. Havia sido aprazível abraçá-lo.

Estava um silêncio entre a gente. O meu olhar baixo, encarando o carpete e a sensação de ter algo observando-me. Olhei de relance para Mark e o vi me observar compassadamente. Por que ele estava me olhando sem reação? Esperava eu falar algo, ou...

O vi morder o lábio inferior e os umedecer um pouco. O que ele estava fazendo? Por que ele estava mordendo o lábio inferior? Será que ele não podia agir naturalmente, sem deixar que o seu ato me causasse uma sensação diferente?

É... — Como forma de tentar interromper aquela sua ação, que estava me causando arrepios, tentei falar alguma coisa. — Água! — Disse aleatório. —... É. Vou beber água!

Falei e quase saí correndo da sala, indo até a cozinha. Eu tinha certeza de que eu não iria conseguir ficar sequer mais um segundo perto dele. A sua aproximação estava me causando uma explosão de sensações. Abraçá-lo, de fato, tinha sido uma experiência e tanto, mas logo inúmeros pensamentos vieram a minha cabeça.

Ele é o filho dos meus chefes. Ele é o filho dos meus chefes...

Eu repetia essa frase várias vezes em minha cabeça. Ele por certo, era filho do Sr. Tuan, sentir ou imaginar algo considerado incorreto com ele seria um desrespeito.

As luzes do apartamento se apagaram inesperadamente. Parecia que aquela tempestade havia causado um apagão. Oh Deus. Estava tudo no escuro, e eu mal podia enxergar algo, a não ser os reflexos dos relâmpagos que invadiam o apartamento pelas janelas de vidro. Caminhei em passos lentos até a saída da cozinha, com medo de esbarrar em algo, até a sala indo procurar meu celular. Estava quase tudo silencioso, apenas havia o barulho da chuva caindo e os trovões.

Eu não sabia onde Mark estava. Talvez ele tivesse ido dormir. Peguei o meu celular sobre o sofá e o liguei a procura do flash de luz.

Senti meu braço ser puxado, e logo me vi presa contra a parede. Nossas respirações estavam aceleradas, tornando-se apenas uma. Seu corpo estava quase colado ao meu. Seus braços estavam cada um de um lado da parede, impossibilitando-me de me mover. Mas mesmo que eu quisesse, eu não conseguiria. Eu estava sem reação e com o coração a mil.

— O-O que está fazendo?

Sussurrei ao ver a sua ação. Olhei em seus olhos, e desci o meu olhar para os seus lábios assim que os vi movimentar-se.

— Shh...

Ele morde o lábio inferior e aproxima ainda mais os nossos rostos, deixando apenas centímetros de distância.

— Mark...

Ele desliza seus dedos por minha face, acariciando uma de minhas bochechas. As pontas de seus dedos gélidos desceram até o meu pescoço, causando-me arrepios.

— Não diga nada.

Sussurrou, retirando uma mecha de cabelo do meu rosto e colocando-a atrás de minha orelha.

—... Não podemos...

— Ninguém precisa saber...

Olhei em seus olhos e o vi aproximar os seus lábios dos meus.

Outro trovão estrondeou pelo apartamento, fazendo-me acordar um pouco atordoada.

Olhei ao redor e vi que tudo estava claro e que eu tinha acabado dormindo no sofá. Olhei a tela do meu celular e vi que já era literalmente tarde. Soltei um suspiro e apertei os olhos ao lembrar que tudo que havia acontecido... Não se passava de um sonho. O que tinha dado em mim? Por que eu tinha sonhado com o filho do Sr. Tuan? Talvez eu estivesse ficando louca por estar no mesmo apartamento que um cara da mesma idade que eu, e que acima de tudo... É alguém interessante.

Levantei-me do sofá e caminhei até a cozinha. Acendi a luz e me direcionei até a geladeira, pegando uma jarra de água e um copo. Escorei-me no balcão de costas para a entrada da cozinha e tomei um gole de água, tentando amenizar a confusão que estava em minha cabeça devido o sonho quase real.

— Ainda está acordada?

Engasgo com a água ao ouvir a voz de Mark de repente.

— Huh? — Tusso um pouco e me viro para ele. — U-Uhum. — Sorri forçado, virando-me de costas novamente.

Como eu iria conseguir encarar ele de novo, após lembrar-me que tive um sonho um pouco... Íntimo com ele?

— Você tem certeza de que quer dormir no sofá? — Perguntou, fazendo-me arregalar os olhos. — Tem espaço no quarto.

— N-Não. O sofá tá bom pra mim! — Tento controlar a minha respiração acelerada.

Eu não iria ficar no mesmo quarto que ele. Se ficar somente perto dele estava sendo difícil, ficar no mesmo quarto seria ainda mais.

— Ok.

Respondeu e caminhou até próximo a mim para pegar a jarra de água ao meu lado. Recuei ao ver sua aproximação e olhei vagamente em direção a sala, tentando parecer que nada me incomodava.

— O que foi? — Perguntou.

— Huh?

— Você está parecendo perdida. — Disse.

— Ah... N-não... É só impressão sua. — Sorri um pouco nervosa.

— Ah. — Colocou o copo sobre o balcão. — Deve ter sido por causa do apagão. Ele mexeu muito com a gente.

Um sorriso de canto de boca transparece em sua face, antes de se virar para a saída da cozinha e sair. 

Oops... » Mark Tuan Onde histórias criam vida. Descubra agora