Capítulo 14

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— Sinto muito... — Minhas palavras soaram quase como um sussurro.

— Elizabeth tem razão, você é uma garota impulsiva. Além de falar e pensar bobagens.

Levantei o meu olhar para ele, sem expressar reação alguma. Afinal, eles tinham razão.

— Só acho que... A parte sobre a confusão no bar... Você deveria ter mantido em segredo, assim como eu pedi.

— Você... — Suspirei, envergonhada — Ouviu tudo?

— Sim. — Afirmou com a cabeça. — Do "Eu não confio nele", até eu possivelmente estar metido com drogas e possuir uma gangue.

Ele não parecia estar zangado, mas sim se divertindo com o meu pequeno grande erro. Só que eu não poderia dizer o mesmo. Eu estava péssima por permitir pensamentos desprezíveis se apossarem da minha mente.

— Eu... — Mordo o lábio inferior, tentando conter o nó que se formava em minha garganta. — Juro que não queria pensar mil e umas bobagens sobre você. Mas... Foi involuntário. Não tive controle sobre esses pensamentos. — Tentei explicar.

— É. Mas não posso e nem devo te culpar. — Disse. — Talvez se eu não passasse boa parte do meu tempo só ao lado de homens... Provavelmente eu não passasse uma péssima impressão para as garotas.

Escutei um breve riso soar dele, como se quisesse diminuir aquela ânsia de culpa que se alastrava em mim.

— Ah... Sua bolsa. — Ele mostra a pequena bolsa preta de alça longa e entrega-me.

— Ah. Obrigada! Eu iria precisar do meu celular para pesquisar sobre faculdades. — Falei automática enquanto abria a bolsa. — Mas... — Parei de falar por um instante ao não ver o meu celular dentro dela. — Onde... Onde está o meu celular?

— Huh?

— O meu celular... Ele não está aqui.

— Sério? — Esquivou-se, analisando o interior da bolsa. — Talvez tenha ficado no apartamento?

— Eu espero que sim. Podemos ir pegá-lo?

(...)

Voltamos ao prédio da noite anterior. Desci do carro e caminhei junto a Mark até o elevador, que nos levara até o andar do seu apartamento. Fizemos o mesmo trajeto da noite da tempestade.

Ao entrar no apartamento, olhei diretamente para o sofá, o qual eu havia adormecido. E como o esperado, encontrei o meu celular. 

— Só isso que você esqueceu? — Perguntou e eu concordei.

Guardei o celular no bolso traseiro do meu short e saí do apartamento, seguida de Mark. Esperei-o trancar a porta e em seguida retornamos ao nosso trajeto até o elevador. 

— Até que foi rápido. — Falei admirada. Apertei o botão do elevador e esperei que ele subisse.

— Sabe... — Sua voz parecia um pouco tensa. — Eu acho mais seguro irmos pelas escadas.

— Escadas? — Perguntei confusa.

— Não confio muito no temporal de ontem.

O ouvi falar e neguei com a cabeça, deixando um sorriso em deboche exalar em meus lábios.

— Está com medo? — Tentei segurar o riso. — Seria muita coincidência, não acha? — Falei, franzido o cenho. — Vamos. — Chamei-o assim que as portas do elevador abriram-se. — Você não vem? — Ri ao ver ele quase hesitar em entrar no elevador.

— Não é medo! É apenas receio. — Disse.

— Por que? — Permaneci com o sorriso em deboche nos lábios.

— Receio de... — Ele interrompe-se, soltando um suspiro. — Deixa para lá.

As portas do elevador fecham-se e Mark aperta o primeiro botão do painel.

— Calma... O que pode dar errado? — Me escorei nas barras do elevador, ficando de frente para o espelho.

— Eu prefiro nem pensar. — Cruzando os braços, ele se escora na segunda barra do elevador, ao lado da minha.

Observei os números do painel diminuírem a cada andar que passávamos. Do treze até o cinco, e assim até o um. Desencostei-me da barra indo até as portas do elevador, esperando-as abrir. Mas algo parecia errado.

— Por que estão demorando a abrir?

— O que? — Mark veio até o quadro dos botões, apertando novamente o primeiro botão.

As luzes repentinamente piscaram e logo ouvi um rápido "eu sabia" vindo de Mark. Virei para ele assustada. O elevador estava quase ficando no escuro.

— Estamos presos?

— Eu disse que devíamos ter ido pelas escadas!

Passei minhas mãos entre os fios de meus cabelos, nervosa.

— "Receio de algo acontecer"... Argh! — Bufei e voltei a escorar em umas das barras. — E agora? O que fazemos?

— Esperamos. — Falou e se sentou no chão.

— Esperar?! — Olhei-o perplexa. — Eu nunca fiquei presa dentro de um elevador antes, Mark! E se nunca mais sairmos?

— Aí... Morremos aqui. — Disse breve.

— Meu Deus... — Mordi meu lábio inferior e apertei os meus olhos. —  Eu não estou gostando disso... — Aperto minhas mãos fortemente nas barras. — Você está sentindo o ar diminuir? — Abri meus olhos e fitei o teto do elevador.

— O que disse?

Continuei a morder o lábio inferior, tentando amenizar a minha respiração, buscando o ar para os meus pulmões.

— Alissa?

Ouvi-o levantar do chão do elevador e se aproximar de mim.

Senti uma onda de pensamentos negativos baterem contra a minha cabeça, fazendo-me falar automaticamente o que estava se passando por minha mente.

— Tudo o que eu queria... Era só fazer minha família feliz... — Sussurrei, sentindo os meus olhos se encherem de lágrimas. — Fazer faculdade... Intercambio, talvez. Me formar e ser uma mulher completa. Mas... Se nem consegui fazer o casamento dos meus pais durar... Porque eu conseguiria isto?

— Ei. — Senti suas mãos em meu rosto. — Olhe para mim.

Deslizei o meu olhar até os seus olhos, fitando-os.

— Mark...

— Esqueça isso... Olhe para mim. Olhe em meus olhos!

— Eu não consigo... — Abaixei o meu olhar, sentindo lágrimas escorrerem por meu rosto e minha respiração falha ficando pior.

Eu não estava entendo o que estava se passando comigo. Aquelas lágrimas desciam sem previsão. Aqueles pensamentos de que eu nunca chegaria a lugar algum, não saíam da minha cabeça. O medo e o pânico de ficar presa dentro daquele elevador, só faziam me sentir como se eu estivesse prestes a cair de um precipício. O que diabos estava acontecendo?

— Alissa!

Levantei o meu olhar novamente até o de Mark, reparando o quão próxima estava a sua face da minha. Levei minhas mãos até a sua cintura, apertando o pano da sua blusa que sobrava nas laterais. Tentei me concentrar em sua voz, em sua face e em nossas respirações quase se tornando uma só.

E inesperadamente, senti a minha respiração começar a se estabilizar aos poucos.

— Como... Como soube fazer isso? — Sussurrei.

— Eu não sabia. — Retirou suas mãos de minha face. — Talvez o seu sonho da noite anterior.

— Como assim?

— Você fala enquanto dorme. — Contorceu os lábios em uma linha rígida. — E parece que eu sou o causador do seu nervosismo e da sua calma.

Oops... » Mark Tuan Onde histórias criam vida. Descubra agora