Setenta e dois

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×(Salim/Samyra

Minha boca estava seca, minha cabeça doía bastante. Olhei de relance para Yanka e ela pareceu entender meu olhar.

_Me dê um minuto.

Afasto-me de todos e vou mais ao canto. Fecho os olhos e deixo a Samyra ter contato comigo.

_Garota, eu estou sacrificando meu sono eterno em um lugar de paz pra você poder ajudar meu filho._Sussurro encarando a parede._Por favor, faça isso valer a pena.

_O que você vai fazer? Não prejudicará o meu bebê, não é?

_Pelo contrário, só irá te dar forças pra protegê-lo. Terei que partir. Cuida do Albert por mim e do meu neto também.

_Obrigada, por tudo.

Virei-me e caminhei em direção ao Héctor que me olhava com diversão nos olhos. Eu sou poderosa, mas não sou tola de arriscar a vida das pessoas que amo. Jamais.

_E então? Já decidiu?

_Irei embora._Olho pra Yanka e depois pro Albert._Mas antes eu quero falar com o Albert._Chego perto o suficiente dele._Nesse exato momento eu não significo nada pra você. Acho que nunca poderei significar. Mas tudo que eu estou fazendo agora é pra te proteger. Cuida da Samyra e do bebê. De onde eu estiver, eu estarei torcendo pela felicidade de vocês. Se você quer se recusar a lembrar de mim como mãe, lembre-se de mim como alguém que deu tudo, literalmente, pra te proteger. Fica bem, meu filho.

Olho pra Yanka, que tem lágrimas nos olhos, e chego perto. Agacho para ficar igualada à ela e aliso seu rosto.

_Você é a minha melhor amiga, Yanka. Perdão por tudo, perdão. Agora você vai poder descansar em paz e se ver livre de mim._Sorrio entre lágrimas._Tenha um bom descanso, minha amiga. Nunca lhe esquecerei.

Ela beija a palma da minha mão e a coloca no seu coração. É um sinal que quer dizer que eu tenho um lugar em seu coração. Levanto-me e encaro o Héctor.

_Foi emocionante todo o seu discurso._Ele sorri colocando a mão no ombro do Albert._Não quer se despedir de mim?

_Claro. Você acha mesmo que eu iria antes de te dizer umas verdades?_Enxugo os resquícios de lágrimas dos meus olhos._Você pode ter ganho essa batalha, mas ainda não ganhou a guerra. Você jogou sujo, Héctor. Você sempre joga sujo. Você em momento nenhum se importou com o Albert. Armou pra me matarem sem nenhum remorso. E agora você quer assumir a paternidade dele do nada? Me poupe. Mas seja lá quais forem seus planos, eles não irão se realizar. Bom, cumpra sua palavra. Adeus.

Me dirijo ao centro do salão e abro os braços olhando pro teto. Concentro o máximo de poder que posso e já sinto ele emanando das minhas mãos. Um grande vendaval se forma ao redor do meu corpo e eu sinto meu poder sendo passado pra Samyra. Era isso ou nada. Estou jogando fora a oportunidade de ter meu descanso eterno para salvar meu filho e sua descendência. Irei morrer humana.
Olho uma última vez para o Albert e sinto minha visão escurecer.

_Eu te amo, filho.

Dou meu último grito e tudo se escureceu. Adeus.

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora