Regras do Jogo

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Luna

Cheguei em casa na sexta-feira desolada. Aquela cena no bar com Gabriele me tirou do sério, nunca pensei que fosse passar por uma situação desse tipo. Eu sei que errei com ela, não deixei as coisas claras e ela ainda teve que sair daquele lugar sozinha. Imagino o sentimento de menosprezo que ela não deve ter sentido quando fui embora a abandonando lá, me desprezar seria o mínimo.

Mas saber que Diana se viu no meio daquela situação, me deixou desesperada. Ela não merecia passar por aquela humilhação, Gabriele não tinha o direito de envolvê-la nisso. E o pior ainda ocorreu quando ela se foi sem avisar. Estava discutindo com aquela garota quando me dei conta que ela não se encontrava mais na mesa. Peguei minhas coisas e, mais uma vez, deixei Gabriele falando sozinha e saí o mais rápido que pude atrás de Diana.

Vê-la praticamente fugindo de mim me enlouqueceu, quando finalmente logrei que ela parasse e se voltasse para me ver, vi nos seus olhos tanta decepção que me machucou como nunca aconteceu antes. E quando se foi não querendo falar comigo, senti como se algo se quebrasse em meu peito. Fui até meu carro e vim manejando para casa com a máxima rapidez que pude. Não queria ver, nem falar com ninguém, queria ficar sozinha.

Ao chegar me deparei com Má que me olhou preocupada. Ela tentou se acercar para falar comigo, mas prontamente neguei com a cabeça sua aproximação, o que ela entendeu e nem mesmo perguntou nada.

Margarida era como uma mãe para mim. Ela, assim como Júlio, sempre me repreendia por minhas aventuras de cama em cama e, posso dizer sem dúvidas, que meu respeito por ela era tanto que nunca trouxe nenhuma mulher para meu apartamento quando ela estava, para evitar constrangimentos e mais puxões de orelhas, sendo que ela morava comigo.

Era ela também que me abraçava quando brigava com meus pais ou me ajudava a relaxar com suas comidas e doces quando eu estava estressada com alguma coisa. Ela era muito religiosa, católica, e nunca perdia uma missa de domingo pela manhã, mas mesmo assim sempre respeitou minha sexualidade, dizendo que não via a hora de eu apresentar a ela uma namorada e que rezava por isso todos os dias.

Mas naquele dia eu não queria conversar, não queria falar com ela sobre o que me passou. Não estava preparada para falar que havia feito uma merda tão grande que o carma de sei lá onde se voltou contra mim e me castigou. Subi as escadas sentindo minhas pernas pesadas e ao chegar no meu quarto me enfiei no banheiro, arranquei a roupa e tomei um banho demorado, como se quisesse limpar o peso da minha consciência.

Eu ainda sentia o toque da sua mão sob a minha, o calor de seu corpo no meu, seu cheiro que me invadiu totalmente. E isso me machucava mais, pois junto disso eu ainda sentia o peso do seu olhar magoado. Eu sei que não devo explicações para ninguém, pois não tenho nada com nenhuma pessoa, sei também que aquele momento no bar não representava nada mais que um happy hour com uma colega de trabalho. Mas com Diana era diferente, eu não queria ferir ela, aquilo pesava sobre mim, aquilo mexia comigo.

Deite na minha cama, mas durante toda a noite não consegui pregar os olhos. Fiquei rodando na cama e toda hora seu rosto vinha na minha mente como um flash, me fazendo sentir a pior pessoa do mundo. Terminei vendo o dia amanhecer por minha janela, sentada em uma poltrona e com uma xícara de café na mão. Era difícil manejar aquela situação. O pior é que nem poder ir a sua casa eu poderia, pois não sabia onde ficava. Na sexta-feira ameacei ir atrás dela no desespero, mas nem sabia onde ela morava.

Peguei meu celular e vi que eram 06:40 da manhã e uma porção de mensagens de Júlio e uma de Amanda. Júlio estava confirmando que fôssemos jantar hoje, desde aquele dia que discutimos no seu apartamento, não nos vimos e nem falamos. Precisávamos esclarecer algumas coisas, então confirmei com ele. O que me soou estranho foi a mensagem da minha amiga. < Espero que tenha se divertido no seu compromisso... Hahahahaha >. Aquilo me pareceu estranho, era como se ela soubesse o que aconteceu comigo. "Às vezes acho que ela realmente colocou alguém para me seguir."

Nossos sentimentos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora