Ansiedade e expectativas

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Luna

Estava terminando de assinar alguns documentos que Francine havia me trazido, mas minha cabeça estava na noite anterior, com Júlio. Eu ainda estava irritada com o que ele tinha me confessado. Não soube como reagir a suas palavras e meu ódio era tanto que fui embora em um impulso. Desde ontem ele me liga e manda mensagens constantes, querendo conversar comigo a qualquer custo, mas não estou pronta para encará-lo, eu ainda não entendo qual o motivo da minha reação, então estou o evitando o máximo que posso.

Terminei de assinar todos os documentos e Francine se retirou para levar para o jurídico e eu fiquei ali sozinha me remoendo por dentro, então fiz o que melhor sei fazer nesses momentos de aflição, engoli secamente todas as sensações que me carcomiam. Porém, no meio do meu alto flagelo o telefone tocou e eu atendi ouvindo do outro lado minha secretária anunciar que Diana queria falar comigo.

Ouvir o nome dela me deixou sem ação, eu não sabia o que fazer. Senti a voz me falhar e os pensamentos fugirem repentinamente, mas, depois de um momento de branco total, assenti que ela entrasse.

Após Francine desligar fiquei perdida, não sabia como agir. "O que será que ela quer falar comigo?", me levantei de meu assento e peguei um papel qualquer sobre minha mesa, indo em direção a janela. "Eu estou nervosa!" pensei com meus botões. Não demorou muito ouvi baterem de leve na porta, respirei fundo, me recompus e dei permissão para passarem.

Ela entrou e estava linda, com seus cabelos castanhos soltos e seus inconfundíveis óculos de armação negra, usava uma calça jeans skinny azul, sapatilhas pretas e blusa social de um azul-escuro, que imitava o jeans, com as mangas dobradas acima do cotovelo, além de um cordão com uma moeda como pingente que ia até a altura de seu decote.

Pedi que ela entrasse e se sentasse a minha frente, me sentando e focando minha atenção no que ela queria me dizer.

- Pois não, o que deseja falar comigo? - Falei tentando passar normalidade em minha voz, mas eu estava nervosa.

Ela parecia muito mais nervosa que eu, a ponto de eu perceber como ela apertava suas mãos por baixo da mesa.

- Queria justificar o porquê de ter saído cedo ontem e verificar a possibilidade de compensar essas horas.

Senti um pouco de decepção quando a ouvir falar isso. "É somente isso?" pensei me recostando. - Hmm... Não é algo que precise falar comigo e sim com sua supervisora e com o RH da empresa. - Falei não conseguindo esconder minha frustração.

- Eu entendo Sr.ª, é que como o projeto é dirigido diretamente pela Sr.ª pensei que seria melhor vir aqui. - Ela falou abaixando a cabeça.

- Tudo bem! Resolva isso com a Carla e com o RH. - Disse me sentindo brava com ela e comigo por criar expectativas e para tentar disfarçar peguei o papel que havia colocado sobre a mesa e fingi ler. Mas algo me inquietou novamente, percebi quando ela se levantou para ir embora.

- Obrigada Sr.ª Luna. - Falou indo em direção a porta, mas eu não podia deixar ela ir assim, naquele momento eu não queria que ela fosse, precisava fazer algo, precisava tomar uma coragem que eu sempre pensei que tinha, mas que com ela eu percebi que era inexistente.

Quando notei que ela já estava abrindo a porta para ir meu interior gritava "Faça alguma coisa! Não deixe ela sair assim", então fiz o que eu nunca pensei que faria. - Você tem algo para fazer quando sair daqui hoje? - Perguntei num impulso a fazendo se virar e me olhar assustada.

Ela ajeitou os óculos meio sem graça antes de responder sem jeito. - Sim... prometi a Carla e Bruno que iria ao happy hour com eles.

- Entendo. Deixa então. - Falei voltando meus olhos novamente para o papel. "Merda! Agora estou mais frustrada ainda" pensei.

Nossos sentimentos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora