Preciso ir

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Diana

Meu passado sempre me perseguiu, por isso evito falar dele para me poupar da culpa que sentia toda vez que recordava. Somente Rita e meu ex sabiam minhas amarguras e agonias, eu não contei nem mesmo para Bianca sobre o motivo de sair de casa, não sei, tenho medo dela me rejeitar se souber que não me sentia encaixada na nossa família. Mas com Luna era diferente, não sei se era porque não a conhecia e, provavelmente não falaríamos mais sobre esse assunto, ou sua postura disposta a me ouvir e seu olhar sem julgamento.

Quando ela pegou minha mão sobre a mesa me dando apoio, senti uma corrente elétrica correndo por meu corpo, me estremecendo até o último fio de cabelo. Eu me sentia protegida e sentia que ela me entendia. Ao contar sobre a morte da minha mãe, não consegui segurar mais minha tristeza e acabei desabando de chorar, não queria que ela me visse assim, mas eu estava me sentindo mal ao lembrar do olhar dela de súplica dizendo que me amava e tinha orgulho de mim.

Porém, algo que não esperava que fosse ocorrer aconteceu, Luna se levantou de sua cadeira e se sentou a meu lado me abraçando, deixando que todo meu desafogo saísse sem medo. Os braços dela eram fortes, apesar de delgados, suas mãos suaves e calorosas. Ela tinha um cheiro cítrico que invadiu meu espaço pessoal como se estivesse formando uma bolha de segurança. Sentia como se meu coração fosse arrebentar dentro do meio peito de tão forte que ele batia. "Ela me atrai, não é só admiração por causa de seu trabalho. Ela me atrai como mulher." concluí assustada, mas me aferrando a ela para aproveitar aqueles segundo.

De repente, senti seu corpo ficar tenso como se estivesse vendo um fantasma, levantei meus olhos chorosos em direção a seu rosto, pois estava com a cabeça apoiada em seu ombro, e notei que ela estava olhando assustada às minhas costas. Quando me virei para ver quem é, percebi uma jovem morena muito bonita, vindo em nossa direção com um olhar gélido de rancor e raiva. Ao se aproximar de nós, ela parou bem em nossa frente cruzando os braços.

- Ora ora... quem não vejo aqui hoje. Boa noite! - Ela falou de forma debochada.

- Gabriele... - Luna falou se afastando delicadamente de mim.

- Olha! Quem diria!? Você lembra meu nome. - Ela interrompeu desdenhosa. Eu não entedia o que estava acontecendo ali, era uma tensão sem tamanho entre as duas e eu estava me sentindo mal com aquela atmosfera.

- Lembra também que me arrastou para aquele lugar e depois me deixou sozinha lá? - Gabriele, como Luna a chamou, falou com olhar cortante em cima de minha chefe.

- Não é tão simples Gabriele. Eu posso te explicar... - Luna tentou falar mas foi novamente interrompida pela morena.

- Explicar o que? Que você me arrastou para um motel e me deixou lá?! Sozinha?!

Aquilo me deixou sem palavras. "Como assim um motel?! Como assim a deixou sozinha?! Luna era lésbica?!" tentava coordenar meus pensamentos, mas não sabia como agir, até que a garota apontou para mim.

- Olha aqui! Se fosse você iria embora, não cai no papo dessa aí não, porque é bem capaz dela fazer com você o mesmo que fez comigo. - Falou me deixando sem chão.

Luna se levantou e encarou Gabriele com determinação. - Não envolve ela nisso garota. Ela não tem nada a ver com o que aconteceu.

- Eu não tô envolvendo ninguém, eu só tô avisando, afinal não quero outra passando pelo mesmo constrangimento que eu. - Ela respondeu apontando o dedo para mim e encarando Luna.

Não sabia o que fazer, eu estava constrangida com aquilo tudo. Todos no bar pararam para ver o que estava acontecendo me deixando com mais vergonha ainda. Não queria ser parte daquela cena ridícula entre elas duas. Eu nem sabia que Luna saía com garotas, a única coisa que sabia era que precisava ir embora dali. Não queria tomar mais partido daquela situação. Peguei minhas coisas e minha comanda e me levantei para ir embora enquanto as duas discutiam.

Nossos sentimentos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora