Não conheço essa sensação

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Luna

Passei o resto da minha quinta-feira estranhamente preocupada e inquieta, mas, com muito custo consegui vencer essas sensações e me focar nas coisas que considero realmente importantes.

No final da tarde recebi uma mensagem de Júlio pedindo desculpas por não ter comparecido ao meu escritório e confirmando nossa "sessão de cinema" em seu apartamento essa noite.

Já era nossa tradição quase toda quinta-feira, sempre nos reuníamos para assistir a algum filme, alternando entre nossos apartamentos e às vezes até mesmo indo em uma sessão em algum cinema. Hoje seria no dele, apesar de estar muito molesta com ele, resolvi ir. Seria bom, pois teria com o que me distrair no final das contas.

Terminado o expediente, peguei minhas coisas e fui para casa me arrumar e depois segui para o apartamento de Júlio. Assim como ele, eu também tenho a chave do seu apartamento, apesar de usar em pouquíssimas ocasiões, e por isso não precisava ser anunciada para poder entrar nem sair quando eu quisesse. Cheguei um pouco antes das 20:00 e o encontrei preparando toda sala para podermos ficar à vontade. Ele se encontrava despojado, usando uma camisa branca simples, uma calça de moletom cinza e sandálias havaianas brancas, além de terminar de aprontar algumas "besteiras" para comermos – pipocas, sucos, chocolate, etc.

Nossas noites de cinema eram sagradas para passarmos algum momento junto, conversando, rindo e trocando farpas. Não poderia nunca admitir isso, mas quando deixamos, por algum motivo, de passar esse dia, me sentia pesada durante o resto da semana, pois aquilo me agradava e me liberava de um bom número de preocupações.

Quando ele percebeu que eu havia chegado, sorriu e veio em minha direção me dar um abraço e dois beijos no rosto. Apesar de ter nascido em São Paulo, o pai de Júlio, o Sr. Júlio Barbosa, era carioca e ele também viveu na cidade durante todo seu curso superior, por isso ele, diferente de nós, paulistanos, dava esses dois beijos no rosto a modo de cumprimento, além de ter um jeito mais "tranquilo" de agir.

- Pensei que não viria. - Ele falou se afastando e indo até a cozinha pegar mais alguns salgadinhos.

- Confesso que estava brava com você e pensei em não vir, mas resolvi te dar uma chance de se redimir.

Ele voltou da cozinha gargalhando colocando a vasilha com os salgadinhos sobre a mesa de centro. - Ahhhh.... Não seja cruel. Eu avisei que tive um imprevisto e até ofereci de mandar o Arnaldo lá.

- Isso não importa mais Júlio. Eu vim não vim?! Então vamos assistir ao filme que você escolheu. Que aliás qual é?

- Esse aqui. - Falou me estendendo uma capa de blu-ray.

- Idade da Sombra?! Que filme é esse? Nunca ouvi falar.

- Um amigo me indicou, é coreano. Segundo ele a história é muito boa. - Respondeu se recostando no sofá enquanto comia um punhado de pipoca. - Acho legal darmos uma chance.

Não quis discutir a escolha dele. Desde que não fosse filme de terror ou suspense, por mim estava tudo bem assistir a qualquer outro gênero. Detesto filmes que me assustam ou me dão a sensação de medo constante, isso me tira o sossego e era a única regra das nossas noites de filme: Nada de terror ou suspense.

Coloquei a capa sobre uma mesinha de canto e Júlio deu play no filme e não demorou muito para ficar absorvida na história. Apesar de ser uma produção de um país que não tem tanta tradição nas produções cinematográficas, pelo menos não que eu conheça, era um filme muito bem produzido, com uma história envolvente e cores apaixonantes. Posso arriscar dizer que foi tão bom que as mais de duas horas do filme passaram e eu nem me dei conta. Quando o filme terminou já eram quase 23:00, o que fez Júlio me convidar para passar a noite ali no quarto de hóspedes, o que eu acabei aceitando.

Nossos sentimentos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora