Clima Familiar

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Luna

Eram 11:30 da manhã quando estacionei meu carro na frente da mansão de Amanda, sendo logo recebida por uma menininho risonho que tratou de pular em meus braços assim que me viu.

- Tia Lunaaaa.... - Gritava Paulinho sendo erguido por mim enquanto rodopiava com ele.

- Oi meu lindo!

Eu apertava ele em meu colo e lhe enchia de beijos na bochecha, o fazendo rir alto. Sem dúvida nenhuma, amava aquele menino. Eu podia não acreditar no amor carnal, pois tudo se baseava em interesses, sejam eles sociais, sexuais, etc, mas em uma coisa acreditava: o amor de uma criança querida. Mesmo só tendo conhecido isso quando bem pequena, vindo de meu falecido irmão e só tendo recebido dos meus pais cobranças, eu sabia que aquilo era verdadeiro e puro.

- Como você está? - Perguntei colocando Paulinho, que já estava ficando pesado para ser carregado, no chão. - Eu senti saudades.

- Eu também senti saudades! Eu tô bem! - Respondeu me puxando pela mão para dentro de sua casa.

Ao entrar, logo me deparei com Paul, que segurava um copo com whisky e se aproximava sorridente para me cumprimentando. Ele é o típico homem britânico, pele branca avermelhada, cabelos loiros bem cortados e com uma barba bem feita, alto e magrelo. E levava uma camisa polo azul escura, uma bermuda branca e um sapatênis de cor escura.

- Olá Luna, bom dia! - Falou se aproximando e me estendendo a mão. Paul, apesar de já falar bem o português, ainda tinha aquele sotaque inglês na voz, o que lhe fazia ter dificuldades em pronunciar uma ou outra palavra de nosso vocabulário.

- Bom dia Paul! A quanto tempo! - Falei retribuindo o gesto.

- Realmente! Há dias queria vir a São Paulo, mas aí quando a chance surgiu veio a viagem ao Chile, não poderia perder a chance de passar uns dias de "folga" com Amanda e Paulo. - Respondeu sorrindo.

Paul trabalhava em uma instituição financeira que pertence a sua família a gerações e que fica situada em Londres. Devido a seu cargo de diretor financeiro, ele raramente tinha tempo para ficar com a família.

Quando ele e Amanda decidiram se casar, Paul tentou que ela fosse morar com ele lá em seu país, mas ela foi irredutível, dizendo que tinha planos para quando voltasse para seu país e que não os abandonaria por ninguém. Vencido e apaixonado, ele aceitou que vivessem em países diferentes. No começo, Amanda ia mais vezes a Inglaterra para o ver, mas quando engravidou de Paulinho, as visitas foram ficando mais escassas e, com a desculpa da escola do menino e a empresa, ela praticamente parou fazer isso, só indo até ele duas vezes ao ano: durante as festas de final de ano e nas férias do menino. Sobrando para Paul o papel de vir sempre que possível.

- Você chegou quando? - Perguntei me encaminhando até a sala de estar.

- Na quinta pela noite. - Respondeu Paul me seguindo. - Como estão as coisas na empresa? - Perguntou se sentando em um dos sofás e cruzando as pernas.

Sentei-me de frente para ele, colocando Paulinho em seu colo. - Estão ótimas! Esse novo contrato nos abrirá muitas portas. - Respondi entusiasmada.

- Que bom. Fico feliz. Antes de Amanda fechar o contrato, eu pude dar uma olhada e, realmente, é uma oportunidade e tanto para a empresa de vocês. - Falou antes de beber mais um pouco.

- E você? Como está o trabalho? - Perguntei enquanto acariciava a cabeça do meu afilhado. Sabia que ele amava um cafuné.

- Ah... Estamos bem. Cada dia mais trabalhoso, ainda mais agora com o Brexit... - Respondeu Paul fazendo uma careta.

Nossos sentimentos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora