Nossos sentimentos (Romance Lésbico)

Nossos Sentimentos

Diana

Estou aqui, sentada no sofá, olhando para o envelope em minhas mãos trêmulas. Sinto as lágrimas escorrendo de meus olhos, sinto medo e uma esperança pulsante com o que ele pode dizer. Bianca saiu do quarto e nem percebi quando ela se aproximou de mim, me pegando de surpresa e me fazendo dar um verdadeiro pulo no sofá.

- Você está bem? - Bianca perguntou preocupada com meu comportamento.

- Desculpe, eu estava distraída e acabei me assustando. - Falei passando as mãos pelos cabelos.

- Eu que peço desculpas, não devia ter me aproximado assim. Perdão. - Minha pequena irmã falou culpada.

- Ei... não tem o que pedir perdão, estava distraída, acho que mesmo que você viesse fazendo barulho não perceberia. - Falei rindo enquanto limpava as lágrimas.

- Onde está o Júlio? Já foi?

- Sim, saiu tem um tempo. - Disse indo até a cozinha e deixando o envelope sobre a mesa.

- O que é isso? - Bianca perguntou curiosa olhando para o envelope enquanto eu fui pegar um copo de água, já me sentia cansada e com dores de cabeça. - Uma carta?! Foi isso que ele veio entregar?

- Sim. Júlio deixou ela aqui, disse que é de Luna e que é para eu ler. Segundo ele, aí explica algumas coisas. - Falei olhando o envelope agora nas mãos de minha irmã.

- E por que você não está lendo?

Aí está, nem sei o porquê de não abrir essa carta desesperadamente e ler tudo que tem escrito nela. O fato é que nem eu sei direito o que fazer. Da mesma forma que quero ler tudo que está escrito ali, me sinto frustrada por ela não ter vindo pessoalmente, todavia, não me sinto forte o suficiente para vê-la. Esses pensamentos estão me matando e eu não sei o que fazer, pois quero tudo ao mesmo tempo e nada também.

Suspiro ruidosamente e me sentindo perdida. - Não sei o que fazer, Bianca. - Admito olhando para minha irmã.

- Sabe Diana, eu também estou decepcionada com a Luna, poxa, ela era minha ídolo e descobrir isso dela é tão... - Bianca fecha os olhos e suspira. - Mas apesar de tudo, ela quer te dizer algo, talvez algo que vá te machucar, mas quer falar. - Ela veio se aproximando de mim com a carta em mãos. - Eu não tenho o direito de dizer o que você deve fazer mana, porém acho que você deve ler essa carta. Não se deixe corroer pela dúvida e o medo de nunca ter sabido a verdade. - Pegou em minha mão e colocou o pequeno envelope nela. - Dê esse benefício da dúvida e, seja o que for, estarei aqui com você.

As palavras de Bianca me atingiram em cheio. "Como uma adolescente de 15 anos pode ser tão sábia assim?" pensei sentindo orgulho de minha irmãzinha. A puxei para meus braços e a abracei forte. Ela é a melhor coisa que aconteceu em minha vida e a amo demais e sempre amarei.

- Obrigada irmã. - Falei emocionada.

- Quando precisar. - Bianca falou sorrindo para mim, mostrando seu lado infantil que tanto amo nela.

Peguei a carta e fui para meu quarto e me fechei lá a jogando sobre a cama. Olhei para o relógio na minha cabeceira e marcavam 18:45. Estaria vindo para casa nesse horário com ela, ouvindo música, segurando sua mão e falando sobre nosso dia. Luna dizendo que estava cansada e precisava de uma massagem e eu prometendo fazer. "Vou deixar esses momentos sumirem por causa de algo que pode nem mais existir?" me perguntei enquanto olhava para a carta sobre a cama.

- Chega! Preciso terminar com isso logo. - Falei pegando o envelope. - Seja o que Deus quiser. - Abri e peguei o papel dentro dele, dando de cara com a letra impecável de Luna.