Encontrando Lua

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Cael sobrevoa a floresta, ele sabia que seu tempo ali estava acabando, precisaria voltar para o céu em breve, algo dizia que Cecília não voltaria com ele, mas o amor é imprevisível e tinha medo que a jovem se decidisse no impulso e depois se arrepende-se. Tinha mais uma coisa atormentando o pensamento do anjo, Raquel, desde que chegou a terra, tem adiado falar com ela, sabe que está magoada, mas ele precisa esclarecer as coisas logo, mesmo que não fiquem juntos, Raquel precisa saber de fato o que aconteceu.

Sente um zumbido no ouvido, sinal claro que um anjo pede sua ajuda, mas uma pontada forte no peito o deixa desnorteado, isso não é um pedido de um anjo qualquer, não sabe ao certo quem o chama, mas sente o dever de ajudar, consegue visualizar na mente o local, um rio próximo de onde está.

Bate as asas com força, tentando voar o mais rápido que consegue. em poucos segundos chega no local e vê um corpo momento-se na água, ele está preso sobre algumas raízes de árvores mangue-vermelho. Se aproxima e vê que o corpo tem asas, só pode ser um anjo, pensar consigo, pega o corpo nos braços e olha seu rosto, está todo cortado e desfigurado, sangue e manchas roxas estragam a beleza de sua pele angelical.

Não reconhece o anjo, mas sente que ainda está vivo, o coração bate devagar, sinal claro que sua viva está por um fio. Sobrevoa a mata tentando achar um lugar para colocar a jovem anjo em segurança. Encontra por fim uma barracão de deposito de barcos, o lugar parece esquecido no tempo, entra e encontra uma cama para o anjo, coloca com cuidado a moça no local e busca um pouco de água para limpar suas feridas.

Retira da bolsa um vidro azul e pinga algumas gotas na boca da jovem, isso ajudará a se curar mais rápido, pega um pano e unimesse na água, limpando devagar suas feridas. Fica surpreso e intrigado quando finalmente identifica a jovem, é Lua, filha de Raquel, mas como isso é possível, ela tem asas como um anjo.

Cael pisca várias vezes não acreditando no que vê, todos esses anos achou que ela estava morta e agora está aqui a sua frente, acaricia seus cabelos com cuidado e sente às lágrimas de felicidade escorrerem sobre seu rosto, ela está viva, meu bebê está vivo, abraça o corpo de Lua ainda desmaiado, com o coração cheio de alegria e se controla, ele precisa acabar de cuidar de suas feridas, precisa ter urgentemente uma conversa com Raquel. Depois de tudo pronto, senta na ponta da cama ainda em êxtase esperando seu bebê acordar.

Lua acorda aos poucos sentindo sua cabeça muito pesada, sua garganta dói, a ponto de ser difícil respirar, abre os olhos e percebe que está sendo observada, ela o conhece, mas não organiza os pensamentos em ligar ele a alguém, só sabe que está com muita dor e resmunga..
- Quem é você e o que quer comigo...? Tenta levantar e se afastar, mas grita de dor, Cael tenta ajudá-la.
- Calma - Cael ajudá lua a deitar - você está muito fraca ainda, deve descansar, me chamo Cael, sou um anjo - ele acha mais seguro, não revelar que é seu pai.
- Você.... - Lua puxa na memória e lembra... - Ajudou a resgatar minha mãe... Ah droga... minha mãe deve estar preocupada eu preciso ir embora.... Por favor me deixe ir....
- Calma.. você nem vai conseguir andar e muito menos voar, melhor descansar por essa noite, prometo que assim que tiver condições levo você a ela.
- Voar...? - Eu não sei fazer tal coisa... - Minha asa só aparece quando quer... diz Lua e ao ver que as asas estão ali, isso que é um dos motivos das dores que sente.
- Interessante - Cael pensa um pouco - posso ensinar você a voar e a chamar quando precisar... mas tem uma condição.
- Qual... pergunta Lua animada, já está louca para começar.
- Primeiro quero ver você recuperada, fique quietinha aí e descanse - Cael tira uma maçã da bolsa e oferece a Lua - Coma, vai ajudar a melhorar mais rápido.
- Caramba, como você é chato... Apesar de ser bonito... Diz Lua aceitando a maçã e deixando Cael espantado com a cantada... não se sente preparado para saber que perdeu toda a infância da sua menina e logo ela estará namorando...
Cael sai dos pensamentos ao observar Lua comer e lembra dos traços parecidos de Raquel: - Você se parece com sua mãe.
- Conhece ela... Diz Lua e bate na própria testa lembrando, que sim, já que foi ele que a resgatou...
- É claro que conhece né, dã... Diz ela e Cael sorri... ele queria muito contar a ela o quanto conhecia Raquel, que dividia os traços do rosto de Lua com ela, de como queria ter participado da vida delas.
- Deve ter traços de seu pai também- Cael joga um "verde", querendo saber se a filha sabe algo sobre ele.
- Ah... Dele eu não sei... Mamãe nunca fala muito dele... Diz Lua desconversando, afinal Raquel avisou que ninguém poderia saber o que ela era.

Cael fica triste, como Raquel não contou sobre ele - Bem, acho que já te estressei bastante, agora durma um pouco.
- Mandão igual minha mamãe... Diz Lua que apesar de não conhecer o anjo se sente protegida o suficiente para descansar um pouco...
- Obrigada por cuidar de mim Cael, aposto que vai ganhar um beijo da minha mãe... Diz Lua maliciosa e Cael dá um sorrisinho triste.
Como ele queria aquele beijo, sentir aqueles lábios em sua boca, o toque de sua pele pelo seu corpo e... - Cael acorda de seu pensamento vendo um sorriso safado no rosto de Lua, será que ela percebeu algo.
- Então mocinha, descanse, amanhã já deve estar melhor, te ensino a usar essas asas lindas e a voar. Da um beijo na testa de Lua e se afasta um pouco.
- Tá legal papai... Diz Lua maliciosa, ela esta tendo a brilhante ideia de juntar esses dois... Cael a olha espantado e percebe que falou brincando, mesmo assim seu coração jamais acelerou tanto na vida. Por mera brincadeira que seja ele nunca achou a palavra pai tão bonita vindo de outra boa a não ser de sua filha.

Entre as Trevas e os CéusOnde histórias criam vida. Descubra agora