Tentando salvar Lua

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 Tentando salvar Lua

Rayran sentou-se na poltrona ao lado da cama, a jovem loba ainda dormia, seu rosto estava úmido de suor, por um momento Rayran achou que ela não resistira e morrera, mas viu o abdômen se contrair, relaxou na poltrona, ela ainda está viva.

Ayla disse que enquanto Rayran estava fora, não ocorreu nada de anormal, ele havia perguntado se a moça brilhara, mas ela negou com a cabeça, de uma forma Rayran ficou aliviado, era bom manter esse acontecimento em segredo, pois se isso for se espalhar, a confusão será grande.

O vampiro abre o livro que trouxe da livraria de seu amigo Henry, um exemplar pesado e grosso, com a capa de couro gasta do tempo. O cheiro de mofo invade as narinas do jovem e ele tosse pensando em como o amigo deveria ser mais organizado com as coisas, mas Henry tem um jeito de organizá-las diferente do tradicional.

Rayran folheia o livro, que parece ter sido escrito a mão. Le algumas partes, parece descrever cada raça detalhadamente, até o percentual que um vampiro bebe de sangue por dia, ele encontrou.

Virou a página e o assunto "anjos" chamou-lhe a atenção. Rayran começou a ler, "anjos são seres do céu, podem ter asas e costumam ser grandes guerreiros", até aí, não foi nada de novo para o vampiro, ele já tinha lido algumas coisas sobre esses seres, o que lhe chamou atenção foi: "O amor do anjo: quando um anjo se apaixona ele é capaz de tudo por esse amor, até mesmo se entregar às trevas", Rayran se interessa pelo assunto, já que nunca lera sobre isso, parecia algo que não acontece com os anjos, até aquele momento achou que esses seres eram incapazes de se apaixonar. Ele continuou a leitura, "o amor dos anjos tem muito poder, ele pode até ser capaz de derrotar a morte". O vampiro arregalou os olhos não acreditando no que acabará de ler, mais algumas palavras e o texto acaba sem grandes fatos.

Rayran coça a testa, olha a moça e respira fundo, será que ela é um anjo, se for o veneno de vampiro não deveria tê-la deixado assim, e o perfume dela indica que é um lobo. Ele volta a olhar o livro, o assunto agora é sobre mestiços, já começa dizendo que são seres raros, às espécies do submundo não costumam se misturar, exceto os bruxos. "os mestiços são seres de dois seres diferentes, eles são capazes de também obter o poder desses seres, mas sempre um predomina mais que os outro. O sangue de um mestiço é considerado um objeto de muito valor, pois além de ter a mistura de duas espécies, possuem poderes considerados como sangue branco, muito utilizado em poções de magia negra". Rayran acaba de ler e sente o coração bater forte, ele também pode ser considerado um mestiço e agora ele olha para a jovem deitada na cama como se ela também fosse um.

Ele fecha o livro e o larga no assento da poltrona, aproxima-se da cama, se sentando na lateral dela, olha com cuidado para a moça afim de procurar alguma marca ou sinal que indique sua mistura sanguínea, mas nada encontra. Volta a pegar o livro e procura formas de curas para veneno de vampiro. Procura entre às folhas algo útil e a única que se encaixa para a moça e a poção para os mestiços, mas ele precisa de um bruxo para realizá-la.

- Henry pode ajudar - O vampiro sabe que o amigo é muito bem capaz de realizar essa poção. Um sorriso se forma em seu rosto, se sentindo feliz por poder ajudá-la.

Ayla entra no quarto, chamando a atenção de Rayran e pela sua expressão, está acontecendo algo.

- Perry - ela diz - ele está aqui

- Mas o que ele faz aqui?

- Diz que veio buscar a moça para colocar no lugar de sua irmã.

- Ayla isso é - Rayran diz desconfiado - eu não sei o que dizer.

- Para ser sincera eu acho que ele está mentindo - Ayla tem um ótimo instinto para detectar mentirosos.

- E se for verdade?

- Bem senhor, se for verdade e não entregar a moça, acho que sua irmã não será resgatada.

- Mas se entregarmos ela nesse estado acho que não entregaram minha irmã - Rayran está confuso, ele não sabe o que fazer, salvar a irmã, ou ajudar uma moça que nem conhece. Ele não pode também simplesmente entregar a moça para o irmão.

- Diga a Perry que eu cuidarei pessoalmente dessa troca e o mande embora.

- Eu acho que isso não adiantará, ele vai insistir, você bem conhece seu irmão.

- Você tem razão - Rayran pensa um pouco - Vou leva-la para um lugar onde Perry não a encontre, assim posso cuidar dela, até melhorar e converso com os lobos para fazer a troca, não posso deixá-la com Perry, ele pode estar mentindo e querer acabar o serviço e não posso deixá-lo matar mais lobos.

- Como queira senhor, vou tentar mante-lo na sala, assim você terá mais tempo para sair.

- Obrigado - Ayla se afasta - Ayla - ela volta-se para Rayran - Você entende minhas razões ou acha que deveria entregá-la? - Ayla olha a moça e encara o jovem vampiro.

- Eu acho que está fazendo o certo senhor. - e sai sem esperar resposta.

Rayran pega a jovem nos braços e a cobre com o lençol de cetim vermelho. Ele sai rápido pela porta dos fundos, escutando os gritos de seu irmão, ele torce que Ayla não saia machucada com isso. 

Entre as Trevas e os CéusOnde histórias criam vida. Descubra agora