Nem tempo cura certas dores

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Foram dias de agonia e sofrimento para Raquel, mas não desistiu de tentar vencer o animal interno, durante dez dias se transformou e durante todos esses dias ela sofreu, quando voltava das transformações nua e tremendo, Henry a ajudava a tomar banho e ir para cama, Raquel dormia a noite toda de tão cansada, perdeu a vergonha de ficar nua na frente de Henry no terceiro dia e o amigo jamais a olhou com maldade, então Raquel percebeu que ele a respeitava e que queria só ajudar, foi na décima primeira transformação que ela sentiu a mudança, não queria mais matar, conseguia pensar com a mente humana e de lobo, suas duas versões estavam em sintonia, ela e Henry enfim podiam descansar depois de dias.


Na primeira lua cheia Raquel não estava com medo da transformação, sabia que conseguiria proteger ao invés de matar a irmã e a sobrinha. Ela se transformou e era diferente da transformação forçada, sentia a presença da lua, isso aumentava sua força e energia, Raquel correu pela floresta e apesar de saber que deveria odiar isso tudo, ela estava apaixonada pela forma de lobo, principalmente pelo fato de estar pensando racionalmente e não como um animal. Raquel não ousou ir ver a irmã nessa primeira transformação, ainda não confiava nessa forma totalmente, mas assim que acabou a época instável da transformação foi visitá-la, e lá viu alguém vigiando a casa, não seria tão estranho se ele não estivesse bem em frente a casa montando guarda, Raquel caminhou até aquele ser, que a observou com cautela, sua testa se enrugou e ele pegou uma espada e a enfrentou, Raquel parou estranhando a reação daquele homem estranho.

- O que está fazendo aí parado como um idiota na frente da casa da minha irmã? Pergunta Raquel confusa e sentido o sangue de lobo agitar sobre suas veias.

- Não consigo sentir sua presença, você é o ser das trevas que está ameaçando essas pessoas? Pergunta ele com a voz forte e tentando parecer ameaçador.

- Não sou nada disso que está dizendo! Diz Raquel cruzando os braços, mas ao invés de ficar com raiva ela sente vontade de rir, ele parece assustado com ela.

- Eu sei o que é, um lobisomem, um ser das trevas, criada pelo demônio, para declarar guerra aos céus! Diz ele e estremeço, como sabe o quem sou. 

- O que você é? Pergunto me aproximando perigosamente do homem, que por sinal é lindo, com seus olhos tão azuis quanto um céu de verão claro e límpido, a pele branquinha como leite, parece ser tão fina, que se o tocasse esfarela-se, e os cabelos de um loiro tão claro que poderia ser branco, ele chega parecer que brilha um pouco.

- Sou um anjo guardião, estou aqui para proteger essas pessoas de você! Diz o anjo, mantendo a espada em punho e Raquel se sente indignada.

- Nunca faria mal a elas seu anjo de meia tigela! Acho melhor rala peito ou eu vou te mandar pro céu com uma voadora! Diz Raquel irritada, o anjo a olha com curiosidade, mas não abaixa a guarda.

- És a lobisomem mais estranha que já tive o desprazer de cruzar! Pode não querer atacar elas em forma humana, mas na lua cheia isso será diferente, e eu vou estar aqui para proteger elas! Diz o anjo e ao mesmo tempo Raquel sente raiva, também se sente agradecida por ter alguém cuidando delas.

- Olha só anjo de uma figa, eu nunca faria mal a elas, eu as amo, mas se está aqui para protegê-las, eu não me importo, e obrigada por estar aqui por elas. Diz Raquel docemente e sorri, o anjo estranha e depois a observa com atenção, porém desconfiado, depois sorri sem graça abaixando a espada e estende sua mão.

- Me chamo Cael, anjo guardião! ele diz, Raquel sorri e estende sua mão para dele.

- Sou Raquel, é um prazer conhecê-lo. Ela diz.

Ao tocarem suas mãos, eles sentem algo diferente, como se fosse uma faísca de energia, fazendo soltarem as mãos num susto e se encararem, Cael esfrega uma mão na outra achando que isso é resultado de ter encostado em um ser das trevas e Raquel se sente ofendida por isso, pois não compreende o que aconteceu.

Entre as Trevas e os CéusOnde histórias criam vida. Descubra agora