O ataque

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NOITE DE LUA CHEIA, JANEIRO DE 1990

Joan estava ensandecido, sua visão é perfeita, sua audição tão boa que ele consegue ouvir o que se passa do outro lado da cidade, ele fora transformado em lobisomem há quatro luas cheias atrás, mas ainda não se acostumou com a sede de sangue que se segue com a maldição da transformação, ser humano é maravilhoso, mas ser obrigado a se transformar é a pior e a melhor sensação do mundo, o poder que emana é quase palpável e inimaginável.

Joan sente um cheiro doce de uma humana que com toda certeza não foi batizada, ele tenta reprimir sua sede, mas o instinto de sobrevivência é mais forte, ele segue aquele aroma e ao avista-la sozinha na rua e desprotegida, sorri internamente, começa sua perseguição, se mostrando para a garota de aproximadamente uns dezenove anos.

Raquel percebe que está sendo seguida e corre pelas ruas, ela sabia que não deveria ter saído tão tarde de casa para atender ao pedido de Micaela, mas a irmã estava precisando de ajuda com o bebê, não que entenda muito melhor de crianças, mas duas inexperientes é melhor que uma, e ama tanto elas, infelizmente Micaela foi abandonada pelo namorado, quando descobriu que ela estava grávida, e agora Raquel ajuda no que pode.

Raquel aperta o passo, sua casa está perto só precisa chegar lá, mas quando menos espera é atacada, se assusta ao ver que é um lobo enorme e pelos cinza com os olhos vermelhos e assustadores a boca dele saliva, Raquel se debate e tenta se livrar do animal, mas não consegue ele é muito forte, ele a morde e sente uma parte de seu braço ser arrancada, ela grita e chora desesperada e com medo, pensou: Esse é meu fim, eu vou morrer assim, nas mãos de um lobo faminto e com olhos assustadores, de repente se ouve um uivo assustador e o lobo para de tentar comer o braço de Raquel que chora desesperadamente, o lobo aguça os ouvidos e olha para a lua que está em seu ponto mais alto agora e, uiva olhando para cima.

Raquel vendo uma distração e aproveitando que o monstro se afastou cambaleia para longe e corre o máximo que consegue, se sente enjoada, sua pele fica quente e dormente, o lobo não a seguiu, mesmo assim continua correndo, chega em casa e abre a porta rápido, deixa a chave cair, pois sua mão treme descontroladamente, pega a mesma e abre a porta a trancando em seguida, verifica seu braço em carne viva e dilacerado desliza pela porta até o chão e chora, ela não sente a dor da ferida, e nem sente o próprio braço, só sente calafrios intermináveis como se de repente uma febre tivesse a abatido.

Com as pernas bambas cambaleia até o banheiro e se lava com roupas e tudo, molha os cabelos e deixa o sangue vazar de sua ferida aberta e mal cheirosa, a baba do lobo ainda esta dentro dela e percebe que é de um tom esverdeado e gosmento, pega a esponja do banho e fecha os olhos esfrega a ferida esperando que a dor a derrube, mas se espanta ao não sentir o braço, e pensa: Porque não sinto meu braço?

Ela meche o braço e ele obedece normalmente​, a única coisa de anormal, é a falta de sensibilidade na ferida​, continua a esfregar a ferida e a baba doentia continua ali, se ligando a sua pele. Depois de um tempo olhando aquilo horrorizada, Raquel percebe que a pele está se restaurando, e olha aquilo desesperada e começa a chorar de nervoso, o que isso significa? A saliva do lobo cura? Porque isso está acontecendo? Eu não entendo?

Raquel, então sai do chuveiro tira suas​ roupas molhadas, sentindo seu corpo tão quente que achou que iria explodir, ela se deita em sua cama ainda muito assustada para pensar em dormir, mas tremendo tanto que era impossível ficar sentada ou em pé.  Raquel constatou que de tudo de ruim que já havia acontecido em sua vida, essa experiência horrível tinha ganhado de lavada.

Raquel perdeu os pais aos dez anos e a irmã que já tinha vinte anos na época a criou, passaram por muitas dificuldades, mas Micaela sempre tentou suprir a falta dos pais. Quando ela começou a namorar com a besta que a abandonou grávida, Micaela, achou melhor que morasse sozinha e arrumou uma kitnet bem perto da casa deles, e mesmo quando o besta foi embora, Raquel não quis​ voltar para casa da irmã, Raquel trabalha em uma livraria em outra cidade pois aqui é ruim de conseguir emprego, e desde os dezesseis trabalha com Henry. 

Ele é um homem maravilhoso e atencioso e a trata com muito respeito, então vale a pena acordar muito cedo e trabalhar com ele, as vezes até dorme na livraria para evitar o cansaço da viagem, mas não gosta de ficar longe da irmã e da sobrinha.

Raquel espera que no dia seguinte esteja bem para ir trabalhar, pois ela não gosta nem um pouco de não cumprir com seus compromissos.

Entre as Trevas e os CéusOnde histórias criam vida. Descubra agora