A L I S S A
Vou tentar me imaginar sem você, mas não consigo.
(Immortals – Fall Out Boy)
Uma dica: na sua primeira vez, ou em qualquer outra vez depois dessa, procure uma superfície lisa e confortável, sem nenhum tipo de areia ridícula e grudenta que possa atrapalhar tudo e te deixar preocupada depois. As pessoas criam todo um clima fofo e romântico sobre a praia, mas eu não consigo parar de pensar na quantidades de micróbios e bactérias que eu posso ter arrumado depois de ter tomado a bela decisão de ter minha primeiríssima vez na areia fria e salgada da praia mais esquisita de todas.
Preciso ir a um médico. Não apenas pelos micróbios, mas também por outras razões óbvias, como o fato de não termos usado camisinha. Claro, se alguém tivesse chegado em mim e me dito que eu estava prestes a ter uma das noites mais significativas da minha vida à beira da praia durante a madrugada, por isso precisava me preparar, eu teria rido bem alto e dito que essa pessoa havia pirado além da conta.
Daniel não precisava ter concordado, mas ele concordou. Ele aceitou sair comigo e se perder comigo, esteve do meu lado durante todo o percurso, mesmo que por alguns momentos eu tenha duvidado um pouco. Assim como duvidei se ele também queria fazer o que fizemos. Ele estava tendo ideias, eu sei que ele estava. Ele não parecia o mesmo.
Há dias que ele tem estado assim. Distante, contemplativo, soturno. Eu apenas segui meus instintos e fiz o que achei que fosse a coisa certa a se fazer por nós dois. Mesmo tendo minhas dúvidas, eu não me arrependo. Temos uma conexão agora, uma que será difícil de ser quebrada.
No momento, eu só preciso falar com Helena, a mãe de Thomas, o que é praticamente impossível, pois eu estou em prisão domiciliar. Minha mãe não pode saber, não pode sequer sonhar com o que aconteceu ontem ou eu vou ser presa num tipo de cela diferente, mais apertada e abafada e que fica debaixo da terra. O pior de tudo é que Thomas não está aqui, então eu estou ferrada.
Em desespero, ligo para Anna pelo Skype. Ela não está online, então é claro que não atende. Mando um e-mail para ela e outro para Victor, e, como mágica, o usuário dele no Skype fica online segundos depois. Aperto no ícone de fazer ligação praticamente na mesma hora.
Ele me atende com um sorriso animado.
– Oi, Alissa.
– Cadê a Anna? – pergunto por cima da fala dele.
– Hm, aqui. Você quer...
– Põe ela aí agora.
Ele coça a cabeça daquele jeito que os galãs de filme fazem quando estão confusos e mesmo assim conseguem ficar fofos e depois vira a tela do notebook, tablet ou seja lá o que estiver usando para falar comigo para o lado, onde Anna está deitada mexendo em seu próprio celular.
– Meu Deus, então você viaja até a França pra ficar passando tempo no Instagram igual você faz aqui?
Ela ri.
– Claro que não. Eu acabei de almoçar, estou descansando.
– Tudo bem,eu preciso falar com você. Urgente.
– Fala.
– O Victor ainda tá aí?
Ela capta as vibrações nervosas em minha voz e se vira completamente, assumindo a liderança do vídeo pelo Skype. Puxa os fones do seu celular e os encaixa no dispositivo pelo qual está recebendo a chamada, então se levanta da cama e caminha até onde parece um banheiro.
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Afogados
Teen Fiction‣ LIVRO 2 DA SÉRIE SUBMERSOS. Daniel e Alissa já ouviram canções melhores e navegaram por mares mais calmos. Calmos porque, se pensam que o barco em que estavam passou pelo pior, estão enganados. A tempestade mal começou e com ela vem grandes estrag...