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D A N I E L

Esta casa não me faz sentir em casa.

(Unsteady X Ambassadors)


Eu me pergunto como um coração ainda pode bater mesmo tão machucado, como a mente pode continuar funcionando mesmo depois de se partir.

Mas já tenho minha própria resposta. Estar de pé não significa estar inteiro.

É o meu caso, não é?



Há música tocando no quarto, mas eu não acho que esteja realmente ouvindo. Tento acompanhar um ou dois versos, mas logo esqueço o que estou pensando e quando volto a mim a música já acabou.

Não consigo dormir.

O remédio que Mattias deixou para mim está na cabeceira da cama. Não tudo, apenas um comprimido que meu pai deixou de manhã cedo para mim. Quando me recusei a tomar, ele deixou ali do lado. Estou me perguntando se foi muito inteligente da parte dele. Quer dizer, eu posso juntar um por um de acordo com o que ele for deixando e então tomar tudo de uma vez quando tiver a quantidade suficiente.

Reprimo esse pensamento e a mim mesmo na mesma hora. Não. Não. Não.

Fecho os olhos. Vai passar.



Thalia não está online nenhuma das vezes em que chequei. Sinto sua falta.

Acho que ela está magoada comigo.

Gostaria de dizê-la que não me importo se ela é Thomas ou Thalia, se ela for os dois, se ela for nenhum. Só quero que ela seja ela. E que esteja ali.

Sinto sua falta mais do que tudo. Dói. Mas não tanto quanto a falta que sinto de mim mesmo.



Em algum ponto do dia eu me ergo, ficando sentado na cama, e olho pela janela. Está entardecendo e uma viatura policial está parada em frente a casa de Alissa.

Queria que ela estivesse aqui, mas não vou ser egoísta mais uma vez e pedir que ela deixe seus próprios problemas de lado para ter que lidar comigo.



Não consigo pregar o olho. Parece que estou preso na cama há dias, mas na verdade só se passaram algumas horas.

Acho que estou morrendo.

Queria estar morrendo.

Ou não.

Não sei o que eu quero.

Quero parar de me sentir assim.


AfogadosOnde histórias criam vida. Descubra agora