D A N I E L
Eu encontrei amor onde não era suposto encontrar: bem na minha frente. Dê um sentido a isso para mim.
(I Found – Amber Run)
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Th S. Vasconcelos <thsvasconcelos@hotmail.com >
29/11/16 14:12
Para: Daniel Clarke Vasconcelos (dcvxyz@outlook.com)
Você só pode estar de brincadeira com a minha cara.
Desde quando se responde um e-mail da pessoa que você mais ama no mundo com duas frases? E desde quando "estou bem. Fico feliz que você esteja se divertindo" é sinal de estar mesmo bem? Será que você não fez NADA desde que eu vim pra cá?
Eu deveria estar te respondendo com um palavrão bem grande e feio pra te dar o troco, mas como sou legal, estou escrevendo mais do que algumas meras palavras. Também não vou narrar como estão sendo meus dias recentemente, não tem importância.
Eu quero que você me diga como estão sendo os SEUS dias, como você está realmente se sentindo. Você conhece tudo sobre mim e eu conheço tudo sobre você, achou mesmo que fosse me enganar com um "estou bem"? Decepcionante, Daniel. Achei que fosse pelo menos se empenhar mais.
Não queria ter que falar sobre mim aqui, mas gostaria que soubesse que estou mesmo feliz. Sinto como se finalmente pudesse ser quem eu sou de verdade e ninguém irá me julgar por isso. Acho que já tomei uma decisão.
Sinto sua falta e, por favor, se cuide.
Th.
Eu reparo bem no "Th", e me lembro de que, uma vez, quando eu e Thomas tínhamos 12 anos, ele disse que me conhecia melhor do que conhecia a si mesmo. Eu achei estranho, mas nem tanto. Eu também tinha dificuldade em entender quem era Thomas. Ele estava mudando e, diferente de mim, não era apenas a puberdade.
Thomas nasceu alguns meses antes de mim, portanto ele fará 18 anos primeiro. Talvez ele mude mais uma vez e eu terei de novo que lidar com a incerteza de saber se de fato o conheço.
Ele me conhece, isso é óbvio. Mesmo que não tenha sido muito inteligente mandar uma resposta tão curta, outra pessoa poderia simplesmente achar que eu estava com preguiça de responder, sendo rabugento e grosseiro como sempre, mas Thomas leu e soube no mesmo instante que algo estava errado. A parte difícil é eu não saber como contá-lo o que é exatamente.
Fecho a página do e-mail sem digitar nenhuma resposta, mas prometo a mim mesmo que respondei antes do final de semana. Deixo o notebook aberto, pois tenho uma playlist ligada. A música está tocando, mas eu não estou conectado a ela, o que é a pior coisa do mundo. Jogo-me de costas na cama e cruzo os braços atrás da cabeça, encarando o teto, observando meu espaço.
Sinto meu celular vibrar embaixo do travesseiro e por um curto segundo penso em ler a mensagem que acabou de chegar, porém não consigo.
Depois que voltei da praia, não fui ver Alissa como havia planejado.
Ela está de castigo, afinal de contas. Duvido que sua mãe me deixaria vê-la.
Provavelmente ela me culpa por tudo que tem acontecido, toda a história de Alissa estar sempre sumindo de casa sem dar notícias. Para ser justo, tenho culpa parcial. Eu sempre tenho a opção de dizer não, de agir com sensatez perante aos impulsos desesperados da minha namorada em agir para encontrar qualquer pista do seu irmão, mas não consigo.
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Afogados
Teen Fiction‣ LIVRO 2 DA SÉRIE SUBMERSOS. Daniel e Alissa já ouviram canções melhores e navegaram por mares mais calmos. Calmos porque, se pensam que o barco em que estavam passou pelo pior, estão enganados. A tempestade mal começou e com ela vem grandes estrag...