Epílogo [tempo limitado]

2.9K 231 15
                                    

♪ O prólogo ficará disponível até final de novembro em homenagem ao lançamento do segundo livro da série (o link externo te levará a "A Improbabilidade do Infinito de Bernardo e Jane"). ♫


T R Ê S    M E S E S    D E P O I S


– Sei que vai dizer que agora não dá mais para mudar – diz Bernardo, encarando seu reflexo esverdeado no rápido olhar que Jane lhe dá. – Mas eu estou mais ou menos decente, concorda? – Com pesar, ele alisa a frente da camiseta que comprou na loja de conveniência da universidade.

No dia, Pi conversando com a raiz quadrada de menos um ("caia na real", diz Pi. "Seja racional, cara!", responde a raiz quadrada) lhe fez gargalhar, mas agora a camiseta não parece muito apropriada à situação.

– Você sabe que para eles isso importa tanto quanto o nome de participantes de reality shows. – Jane tira a mão direita da marcha e reconforta os joelhos de Bernardo. O gesto funciona, fazendo o garoto empurrar para longe a preocupação com não estar bem vestido o suficiente. Em sua defesa, é domingo e ele achou que os dois fossem apenas tomar sorvete.

Sabendo que não há mais risco de magoar o seu garoto, Jane abre um sorriso enorme que esconde suas maçãs do rosto atrás dos óculos escuros.

– Você que sabe que isso. – Jane aponta para as mãos preocupadas de Bernardo, segurando firmemente o banco e o apoio de mãos do teto. – Não tem necessidade! Quantas vezes você já foi lá em casa? Prometo que não mudei nada de lugar e você não vai se perder.

– Com exceção daquele feriado, todas as outras vezes em que fui lá estávamos apenas nós dois... e cada uma valeu a pena o esforço de ter dirigido até lá. – Bernardo dá aquele sorriso, cheio de confiança e malícia, que é o favorito de Jane. A garota não tem outra escolha a não ser retribuir. A verdade é que nesses últimos meses, Jane podia apostar que retribuiu a maior quantidade de sorrisos de toda sua vida.

– Lembre-se de que estou te fazendo um favor – avisa Jane.

O refrão de "All I need" de Radiohead preenche o carro, fazendo Bernardo balançar a cabeça ao ritmo da música. Vê-lo tão relaxado ali, ainda faz o estômago de Jane se revirar de satisfação. Não há dia em que ela não se pergunte se essa sensação vai acabar.

– Estou dirigindo apenas para você não chegar uma poça de suor lá em casa – explica Jane.

– Como se você odiasse ter que dirigir! – Bernardo se estica no banco para tirar o celular que vibra do bolso de trás da bermuda. Cheio de orgulho, ele acrescenta:

– E eu melhorei... nós já chegamos a cem quilômetros por hora duas vezes, Jane!

– Foram as duas retas mais emocionantes que você já dirigiu, não é mesmo? – zomba Jane, fazendo um bom trabalho em disfarçar o orgulho que sentiu de Bernardo nas duas vezes.

Tem sido um trabalho lento fazê-lo se acostumar a dirigir na estrada (ou em qualquer outro lugar). Por isso, ela instalou a regra de que sempre que fossem juntos à sua casa, em busca de roupas, instrumentos ou qualquer outra coisa aleatória que ela precisasse, Bernardo seria o motorista designado.

Eles não admitiram para ninguém ainda (sequer para Igor ou Bruno – que vive para lembrar Jane de que ela não foi domesticada), mas Jane passa cada vez mais noites no apartamento de Bernardo. É claro que isso não impediu Bia e Lídia de apostarem em quanto tempo os dois demorariam até morarem juntos oficialmente.

A fórmula matemática de Bernardo e JaneOnde histórias criam vida. Descubra agora