Um cheiro deliciosamente forte inundou a cozinha quando Mark derramou a água fervente sobre o pó de café no coador. Naquela manhã ele havia tomado todas as medidas para que nada que ele fizesse fosse igual aos dias anteriores. Era difícil mudar a rotina tão abruptamente, mas ele sentia que precisava fazer algo diferente.
Mark encheu a xícara de café e abriu um pacote de torradas e comeu a metade. Pegou o jornal na soleira da porta da cozinha e saiu com seu Cherokee para o trabalho. O dia foi agradável e sem problemas e, no início da noite, Mark saiu a pé para procurar um fast food. Passou por um McDonald's, mas depois de ver quão cheio e barulhento estava, decidiu não entrar.
Andou mais dois quarteirões até parar em frente a uma lanchonete rústica, agradavelmente aconchegante. Um cheiro de queijo derretido estava deliciosamente convidativo e Mark empurrou a porta de vidro para entrar. Sentou-se à uma mesa para duas pessoas e começou a verificar o cardápio.
- Boa noite, senhor - disse alguém.
Mark demorou alguns instantes para perceber que a voz se dirigia a ele. Levantou os olhos lentamente. A garçonete estava parada à sua frente.
- Ah... Boa noite. Desculpe-me, eu estava distraído.
A moça deu um sorriso bonito que fez seus olhos castanhos se estreitaram.
- O que vai querer para hoje?
Mark passou o dedo pelo cardápio. Ainda não havia escolhido.
- Eu... Ainda não sei. Sugere alguma coisa?
A moça sorriu novamente.
- Temos um ótimo sanduíche de presunto e queijo. É o mais pedido.
- Vou querer.
- E para beber? - perguntou ela enquanto anotava em um pequeno bloquinho.
- Café. Com açúcar.
- Certo. Só um momento, senhor.
- Obrigado.
Ela virou-se, foi em direção ao balcão e Mark ficou olhando sua cintura demarcada com o laço amarelo do avental e seus cabelos ruivos amarrados em uma longa trança bem feita. Desejou ir atrás dela, mas se conteve. Nem a conhecia. Não sabia nem o nome dela.
Quando ela voltou Mark estava novamente olhando o cardápio.
- Pronto, senhor. Aqui está - disse ela colocando a bandeja sobre a mesa.
- Obrigado - respondeu Mark deixando o cardápio de lado e pegando o sanduíche quente com um guardanapo.
- Mais alguma coisa?
- Não... obrigado - disse ele relutante.
Ela já estava se virando para voltar quando um impulso tomou Mark.
- Espera... - disse e a moça se virou novamente.
Mark não tinha ideia do que iria falar. Sua mente estava confusa.
- Pois não?
- É que eu... é... eu só... preciso de mais um sanduíche pra levar pra casa - as palavras saltaram de sua boca.
Ele se arrependeu profundamente por tê-la chamado novamente. Onde estava com a cabeça? Havia perdido o juízo?
- Ok, - disse ela parecendo perceber a pequena confusão da mente de Mark - vou preparar.
Ela saiu a passos rápidos e foi para trás do balcão e Mark ficou ali comendo seu sanduíche de presunto e queijo, detestando cada célula de seu corpo que o fez entrar naquele lugar.
"Droga, ela nem sabe da minha vida. Ela não vai ler meus pensamentos." - pensou, tentando disfarçar o acontecido.
Ele nem se deu ao luxo de saborear com calma o sanduíche. Comeu o mais rápido que pôde e foi em direção ao balcão, onde a moça está a embalando o seu pedido. Ela estendeu o embrulho para Mark junto com a comanda de pagamento.
- Obrigado - disse ele sem olhar diretamente para ela - estava realmente bom.
- Volte sempre - ela respondeu sorrindo.
"Eu vou voltar" - pensou ele.
Do lado de fora da lanchonete estava muito mais frio e caia uma neve fina. Mark apertou o casaco contra o peito e foi para casa. Aquela noite não conseguiu descansar completamente. Acordou várias vezes sem motivo algum e pensava sempre na moça da lanchonete.
Achava que não devia, mas aquela bela moça de longos cabelos ruivos havia mexido com sua imaginação.Continua...
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Um inverno entre nós (CONCLUÍDO)
Romance• 3° lugar no concurso "REVELAÇÕES DO WATTPAD" na categoria romance. • Menção honrosa no concurso "ESCRITORES DE OURO" na categoria romance. Após ser abandonado pela esposa, Mark passa um longo tempo se lamentando sem conseguir mudar de vida, até qu...