7. Encontro

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Mark desviou o olhar indiscretamente e sentiu seu sangue subir ao rosto. Uma leve sensação percorreu o seu corpo, como se tivesse engolido algumas borboletas e elas milagrosamente continuassem a voar em seu estômago. Ele se viu em uma situação delicada pois novamente aquela mulher havia notado seu olhar.
Com o canto dos olhos Mark a viu se aproximar. Agora as pequenas borboletas pareciam ter se transformado em abelhas e começavam a lhe ferroar. Por um instante ele quis s levantar e se fazer de desentendido, mas as suas pernas, um pouco bambas, não lhe obedeceram.
Então finalmente ela chegou e parou ali em sua frente, com cara de poucos amigos. Mark não pôde deixar de notar que de perto e bem arrumada como estava, ela era muito mais bonita.
- Se você continuar me seguindo eu posso chamar a polícia para você - a voz dela estava fria e trêmula.
Mark piscou várias vezes e abriu a boca incrédulo, tentando assimilar o que ela havia falado. Então, de repente, sua ficha caiu, espantando todas as abelhas que o ferroavam. Ela estava acusando-o de ser um perseguidor, um stalker, um maluco ou seja lá o que for.
- Eu vi você entrando por aquela porta depois de brigar com um cara, ou seja, eu cheguei aqui antes de você - disse vagarosamente, pensando nas palavras, tentando não parecer grosseiro.
A mulher trocou a perna que apoiava o peso do corpo e pôs as mãos numa cadeira, puxando-a para trás. Nesse momento Mark viu o quão rápido uma pessoa pode mudar de ideia. Para surpresa dele ela sentou-se na cadeira, debruçou-se na mesa escondendo o rosto com os braços e começou a chorar copiosamente.
Mark olhou para os lados, para ver se as pessoas olhavam. Felizmente ninguém mais prestava atenção neles, então ele tocou levemente no braço da mulher. Ela parou de chorar instantaneamente e olhou para Mark. Seus olhos estavam manchados da maquiagem borrada pelas lágrimas.
- Ele é um idiota - disse ela de repente, fungando.
Mark se assustou a puxou a mão para trás.
- Me desculpe, eu...
- Você viu como ele está me tratando? - ela continuou como se não tivesse ouvido Mark - Não aguento mais.
Mark ficou surpreso. Aparentemente ela o havia detestado e agora já tinha feito dele seu confidente. Ela encarou Mark por um instante.
- Aí meu Deus - ela pereceu um pouco apreensiva - Eu não tenho que te contar isso. Você é o cara que está me perseguindo.
Ela começou a se levantar e Mark apertou inconscientemente a borda da mesa.
- Eu não estou te perseguindo - disse ele entre os dentes - Você é maluca?
Ela parou e ficou olhando para ele.
- Quem me garante que o maluco não é você?
- Bem, - disse Mark abrindo os braços - ninguém pode garantir, afinal nós nem nos conhecemos, mas eu te asseguro que eu não estava te perseguindo.
Ela se sentou novamente e arrumou os cabelos com os dedos.
- Eu sou Anne - disse estendendo a mão direita.
Mark sentiu um arrepio mas estendeu a mão e apertou suavemente a dela, quente e macia.
- Muito prazer. Eu sou Mark.

Um inverno entre nós (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora