37. Abandono

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Minha mente estava uma completa confusão e eu não sabia por onde começar a desatar os nós. Não era a primeira vez que eu me iludia com alguém mas, certamente, essa era a mais decepcionante.

Decepcionante porque não era uma coisa normal e essa história já estava errada desde o início. Eu pensei muito durante os dias que se passaram e a minha decisão era óbvia: eu não queria aquilo para mim.

Quando levantei o avião do asfalto liso, eu sabia que não colocaria meus pés ali como das outras vezes. Não haveria espera. Não haveria expectativa. Não haveria um encontro. Só haveria eu e o meu quarto de hotel. Somente isso.

O que Liz tinha feito era imperdoável. Eu não tinha nada a ver com a história, mas aquilo me puxou para o chão e eu vi, de certa forma, que Liz não estava em seu estado perfeito e nunca mais estaria. O que ela fez mexeu demais com ela e, consequentemente, a acompanharia para o resto de sua vida. Eu não queria estar ao lado dela para vivenciar tudo aquilo. Poderia ser um ato covarde de minha parte, mas meu bem estar estava além daquilo. Eu jamais viveria tranquilo depois de conhecer esse fato e essa face de Liz. Não conseguiria estando para sempre ao lado dela. Por isso eu queria me afastar.

Depois de chegar a Jeanville e ir para a minha casa, decidi terminantemente que aquilo teria um fim. Eu nunca mais veria Liz. Eu não queria ser cúmplice de um ato tão horrível.

Troquei o meu número de celular e só enviei mensagem para aquelas pessoas com quem eu queria manter contato e isso não incluía Mark e Liz. No dia seguinte, fui até uma imobiliária, rescindi o contrato do aluguel de minha casa e aluguei um apartamento do outro lado da cidade. Isso não impediria Mark de me encontrar, mas ele não tinha motivos para fazer isso.

Eu estava disposto a apagar essa história da minha vida e essas coisas seriam um bom começo.

Eu voltaria a ser o Jeremy de sempre e sem querer eu havia descoberto que minha antiga vida sem Liz era muito melhor do que a de agora. Ela conseguiu fazer uma confusão em mim, mas foi só porque eu me deixei levar por sentimentos passados. Sentimentos esses que não eram tão fortes quanto eu imaginava ser e eu descobri isso depois da confissão de Liz.

Tenho certeza que ela jogaria suas cartas contra mim. Talvez até me chantageasse de alguma forma, então, me afastar sem dar satisfações era o pensamento mais recorrente em minha mente. No início poderia até ser complicado, mas depois eu me acostumaria.

Eu descobri que meus sentimentos por Liz não passavam de pequenos momentos de euforia. Eu fiquei feliz em vê-la e me iludi com a ideia de que poderia ter uma vida ao seu lado. Pobre eu. Mal sabia que nem tudo poderia ser tão simples quanto eu desejara.

Liz havia perdido o senso de vida depois das escolhas erradas que fizera na vida e, talvez, nunca mais conseguisse se recuperar do trauma de seus atos. Talvez ela aprendesse que, se não está bem em um relacionamento, não devesse suportar um fardo alem de suas forças. O erro dela foi tentar carregar um casamento sozinha. Mark talvez tivesse sua parcela de culpa, mas se ela tivesse colocado as cartas na mesa, ainda poderia ter seu casamento e a sua vida em ordem. Mas quem sou eu para julgar?

Agora, deitado em minha cama, na minha nova casa, eu vejo que não poderia desejar uma vida melhor. Eu estava solteiro, mas nunca estaria sozinho. Eu tinha minha liberdade e esse era o meu perfil. Talvez jamais conseguiria viver ao lado de uma pessoa, como Mark fazia. Eu não desejava isso. Eu queria estar sempre livre, voando por esse mundo, sem dar satisfações a ninguém e sem ter hora para voltar.

Minha vida sozinho era mais divertida e eu a cultivaria para sempre assim.

Sem vínculos.
Sem amores eternos.
Sem decepções.

E acima de tudo, sem Liz.

***
E aí meus queridos!

Mais um capítulo pequenininho pra terminar a história de Jeremy e Liz. Espero que tenham gostado do fim desses dois.

A partir de agora vamos para a reta final da história de Anne, Mark e Jake.

Vocês não perdem por esperar.

Abraços! Até a próxima semana!

Um inverno entre nós (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora