Prólogo - Sete anos depois

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O calor do sol estava agradável e uma brisa leve soprava, agitando as folhas das copas das árvores.

Mark estava sentado no banco de madeira que tinha no jardim, lendo o jornal que havia chegado pela manhã.

A casa estava vazia e silenciosa e Mark sentia falta do barulho rotineiro.

Dentro de dois dias seria seu aniversário de casamento e em cinco dias, seu aniversário de trinta e nove anos.

Sozinho em casa, naquele sábado de sol, Mark se lembrava de quando tinha conhecido Anne e sorriu ao notar em como a vida lhe virara de cabeça para baixo e depois de sacudir bastante, retornara ao normal, porém muito melhor.

As coisas ruins que havia acontecido haviam servido para alguma coisa. Depois do acidente, Mark nunca mais voltara a trabalhar todos os dias na gráfica. Havia colocado mais duas pessoas para trabalhar para ele e monitorava tudo de casa. Mary, sua antiga secretária, se aposentara dois anos depois do casamento e uma nova funcionária havia tomado seu lugar.

A antiga casa de Mark estava ocupada por Paul, que havia se casado há dois anos.

Mark se levantou e foi para dentro de casa, assim que o sol começou a lhe queimar a pele. Já havia adiantado o almoço mas só comeria no horário que estava acostumado. Ele foi até a geladeira e tomou um copo de água gelada. Da janela da cozinha conseguia ver a parte da frente do quintal e viu quando um carro azul veio devagar e foi entrando, subindo a calçada.

Mark saiu para a varanda a tempo de ver Anne descer do carro. Assim que o viu, ela acenou e jogou um beijo e ele retribuiu o gesto romântico.

Mark ficou reparando nela e notou que mesmo sete anos depois a mulher continuava linda. Seus cabelos ruivos estavam amarrados em um coque alto e ela vestia uma blusa de cetim azul royal, que contrastava com seus cabelos, uma saia preta, justa e sapatos de salto, não muito altos.

Ela foi até a porta de trás, do outro lado do carro e puxou a maçaneta, abrindo-a.

Mark viu a mulher se abaixar e mexer em algo do lado de dentro. De repente um garotinho saltou do carro e veio correndo na direção de Mark, sorrindo, com um embrulho de presente nas mãos. Estava prestes a fazer quatro anos, mas era esperto, como se tivesse sete.

- Papai! - gritou ele assim que Mark se abaixou para o pegar.

- Oi Johnny! Como foi o dia de compras?

O garoto era a versão masculina de Anne, porém com os cabelos escuros e espessos como os de Mark. Ele beijou as bochechas do garoto e o abraçou.

- A mamãe "compou" isso pra você! - disse ele estendendo o pequeno embrulho - ela disse que é de casamento.

Anne veio andando com duas sacolas e Mark reconheceu que uma era da loja de roupas masculinas e a outra de roupas femininas que eles costumavam comprar.

- Oi meu amor! - disse ela assim que entrou na varanda, dando um beijo em Mark.

- Oi querida, como está?

- Exausta. Tive que andar bastante pra conseguir comprar essas roupas.

- Imagino. Johnny se comportou? - perguntou ele dando um tapinha no bumbum do garoto.

- Sim - respondeu ela se jogando na poltrona almofadada da varanda.

- Papai, o "pesente"!

- Ah, sim - disse Mark - vou abrir agora.

Ele colocou Johnny no chão e começou a descolar as abas do embrulho.

- Uau! Que coisa linda! - exclamou Mark.

Em suas mãos estava uma esfera, aparentemente de vidro transparente. Dentro da esfera, vários bolinhas brilhantes, que sacudiam de um lado para o outro, de acordo com o movimento das mãos e no meio, uma plaquinha dourada, gravada  com o nome dos dois, "Mark e Anne. 7 anos".

Mark sentou-se ao lado de Anne e lhe deu em beijo na têmpora.

- Obrigado, querida. Obrigado Johnny.

Mark pegou as sacolas que estavam aos pés de Anne e segurou nas mas da mulher.

- Vamos para dentro. O almoço já está pronto.

Eles se levantaram e foram para dentro de casa, seguidos por Johnny. Para Mark tudo aquilo era o que significava a felicidade e não havia nada que ele quisesse mudar.

O coração deles, agora, era só verao e, como Mark gostava de dizer, não há mais "um inverno entre nós".

Fim...

Um inverno entre nós (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora