30. Suspense

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Mark se virou para o lado e a luz da manhã fez arder os seus olhos. Antes que pudesse se acostumar à claridade, viu a silhueta de Anne na janela do quarto. Ela estava vestida com sua langerie e com a camisa dele.

Debruçada no umbral da janela, olhando para fora, algumas mechas de seu cabelo esvoaçavam levemente, embaladas pela gélida brisa matinal que entrava por uma fresta que ela havia aberto. Assim que notou um movimento atrás de si, ela se virou e sorriu.

- Bom dia, dorminhoco - disse ela indo até a cama, sentando-se ao lado de Mark e dando-lhe um beijo em sua testa.

- Bom dia, linda... Que horas são?

- Ainda são seis e vinte. Acordei bem cedo.

Ela passou os dedos pelo cabelo de Mark, fazendo um cafuné e ele abraçou sua cintura. Ficaram assim por vários minutos, sem nada dizer, apenas apreciando a presença um do outro.

- Mark, você tem que trabalhar.

Ele fez um barulho como o ronronar de um felino e apoiou-se sobre os cotovelos.

- Eu ficaria aqui com você o dia todo - disse ele.

- Eu também gostaria que ficasse, mas você não pode.

Anne sorriu e passou os dedos vagarosamente pelo peito nu de Mark. Suas unhas estavam pintadas com esmero de um tom de rosa claro.

- Vá se arrumar - disse ela - Acho que você não vai se importar se eu mexer nos seus armários e preparar um café, não é?

- Fique a vontade! Quero muito experimentar seu café.

Mark pulou da cama e deu um beijo na bochecha da mulher. Ele trajava somente uma boxer preta e Anne cobriu os olhos com as maos, fingindo estar envergonhada, mas afastou dois dedos para que pudesse vê-lo.

- Você me faz feliz, Anne - disse ele segurando o rosto dela com as duas mãos.

- Prometa-me uma coisa Mark?

- O que você quiser.

- Seja sempre assim... carinhoso e calmo. Não fique indiferente comigo com o passar do tempo e me ame todos os dias.

Mark notou os olhos de Anne ficarem úmidos e o rosto dela corar, então abraçou-a forte e apertou-a contra seu corpo, sentindo o cheiro de seus cabelos.

- Eu vou te amar para sempre, querida. Você será a mulher mais feliz do mundo.

***

Quando Mark saiu do banho o cheiro do café já estava espalhado pela casa, então, quando chegou à cozinha, a visão que ele imaginava estava se concretizando em sua frente. Anne estava arrumando a mesa do café da manhã com seu toque feminino e Mark não pôde deixar de admirá-la ainda mais.

- Eu trouxe a mesa de volta. - disse ela.

Mark apenas foi até ela e a beijou demoradamente.

- Eu já disse que te amo? - perguntou ele.

- Hoje... - ela fingiu pensar alguns instantes - ainda não.

- Eu te amo, Anne.

- Também te amo, meu amor.

***

Durante aquele dia, Mark se pegou várias vezes se lembrando da noite que passara com Anne. Algumas vezes ele se deparava com Mary, sua secretária, olhando para ele e rindo, balançando a cabeça, e só aí se dava conta de que ele mesmo estava rindo sozinho e que Mary estava rindo dele.

- Não seja tão má, Mary! Você está o dia todo rindo de mim.

Ela riu alto e balançou a cabeça em sinal de negação.

- Mark, meu filho, hoje você está no mundo da lua! Já se deu conta de que colocou dois boletos para pagar na pasta dos valores a receber? E que me enviou o e-mail da transportadora três vezes?

Mark coçou a cabeça e fez um muxoxo. Ele não se lembrava de ter feito aquilo, mas a organização de Mary era inquestionável e, se alguma coisa estava fora do lugar, a má organização não era culpa da mulher.

- Quem está te deixando bobo assim? - perguntou ela com uma curiosidade indiscreta.

Ele sentiu o rosto ficar vermelho e Mary deu uma gargalhada de contentamento.

- Não precisa responder se não quiser.

- Não, não é isso... Eu só não estava esperando.

- Não fique com vergonha de mim, Mark. Eu tenho idade para ser sua mãe!

- Eu conheci uma pessoa - disse ele depois de, inconscientemente, passar a mão na orelha e coçar embaixo do nariz.

- Isso eu já sei, Mark - disse ela estreitando os olhos.

Mark sentou-se num dos bancos do balcão e debruçou-se sobre ele.

- Nós estamos nos entendendo. Ontem eu fiz um jantar para ela em minha casa.

- Uau! Que coisa chic! Ela gostou?

- Bem, acho que sim...

- Que romântico! Isso não é, nem um pouco, a sua cara - Mary abanou as mãos como se tivesse dando um tchauzinho apavorado e arrastou sua cadeira giratória até mais próximo de Mark - E ela dormiu em sua casa?

- É... - Mark se remexeu no banco - sim.

- Vocês fizeram amor! - afirmou ela esfregando as mãos num entusiasmo muito exagerado.

- Mary! - exclamou Mark em reprovação.

- Ora, ora, Mark, eu só concluí o inevitável. Eu não saberia o que pensar de você se levasse uma moça para casa, fizesse um jantar romântico e ela dormisse com você, sem que fizessem amor!

Mark escostou a testa no balcão e riu. Essa não era a conversa que ele esperava ter com Mary, mas ele não estava se importando muito, afinal, reencontrara a felicidade e estava se dando muito bem com Anne.

O telefone da gráfica tocou e Mary arrastou novamente a cadeira para atender a chamada. Ela fez uma saudação amigável e cinco segundos depois seu rosto ficou pálido e assustado. Mark se levantou rápido e foi para perto dela, tentando decifrar a expressão em seu rosto. Ela balançou a cabeça várias vezes, respondendo sim e não de vez em quando e anotou um telefone e uma localização na rodovia.

Ela desligou o telefone e olhou para Mark. No rosto do homem, a expressão indagativa dispensava qualquer palavra.

- A mercadoria que dispensamos hoje foi roubada.

***

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Aguardem-me!!!

Um inverno entre nós (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora