21. Família

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O ônibus passou pelo entrada e estacionou na plataforma A2 da rodoviária de Saint Michael. Eu desci e esperei até que o assistente do motorista viesse distribuir as malas dos passageiros. Após pegar a minha, fui para o ponto e sinalizei para o táxi que acabava de chegar. Dei o endereço e o motorista deu partida no veículo.

A casa de meus pais não era muito longe, e poucos minutos depois eu estava frente a minha antiga residência. Paguei a corrida e desci. Bati a campainha e minha mãe apareceu na porta.

- Anne, querida! Quanto tempo!

Mamãe me abraçou demoradamente.

- Como vai mamãe? - perguntei após dar um beijo na bochecha dela.

- Estou bem querida. Vamos entrar. Eu estava anciosa para sua chegada e seu pai, nem se fala. Parece que tem anos que ele não vê você.

Quando entrei em casa meu pai quase pulou do sofá. Ele veio em minha direção, quase correndo, com um sorriso de orelha a orelha.

- Oi minha linda! Que saudade!

Papai me deu um abraço apertado, beijou minha testa e minha bochecha.

- Como está, papai?

- Muito, bem minha filha. Venha, sente-se aqui comigo.

Acompanhei meu pai até o sofá e me sentei ao lado dele. Mamãe sentou-se do outro lado e colocou a mão sobre a perna de meu pai.

- Vamos, querida, conte as novidades! - disse ela com um sorrisinho sapeca.

Eu sabia do que mamãe estava falando. Há alguns dias eu havia ligado para ela e contado sobre o fim de meu namoro com Jake e havia falado que estava conhecendo uma outra pessoa. Eu havia dado várias desculpas para não contar muita coisa por telefone e ela não sabia praticamente nada sobre Mark.

- Meu amor, deixe ela descansar primeiro - disse papai - Você é muito curiosa.

- Ai, eu só queria saber da vida de minha filha, seu chato.

Eu ri. Sabia que a pequena troca de farpas era de brincadeira. Papai e mamãe jamais haviam brigado de verdade, pelo menos não na minha frente. O casamento deles era algo que eu desejava para minha vida. Havia amor, compreensão, companheirismo, dedicação um ao outro e eles viviam em grande harmonia.

Eu me inclinei e beijei o rosto dele.

- Papai, eu preciso mesmo conversar com a mamãe - eu disse - Fique aqui, é conversa de mulher.

- Mas você acabou de chegar! - disse ele fingindo indignação.

- Eu sei, mas sou muito ansiosa.

Eu me levantei e puxei a minha mala. De dentro dela eu tirei um livro que havia comprado para ele há alguns dias.

- Pegue, papai. Espero que goste.

Ele pegou o livro de minhas mãos com os olhos brilhando. Nessa hora eu tive certeza de que ele ficaria entretido por horas a fio.

- O código da Vinci... Dan Brown - ele murmurou virando o livro de todos os lados - Obrigado, querida!

Eu e mamãe fomos para a cozinha. Nos duas começamos a preparar o almoço, enquanto eu contava para ela sobre Mark. Mamãe estava com o olhar um tanto apreensivo e eu sabia que era preocupação.

Um inverno entre nós (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora