36. Unidos

597 50 23
                                    

Antes que o dia clareasse eu já havia me levantando. A tensão corria em meu corpo de uma forma tão pulsante que eu não conseguir formular um pensamento comum com facilidade. Eu sabia o que deveria fazer a seguir, mas temia os resultados dos meus atos. Ainda assim, mesmo sabendo do mal que Jake estava me causando, eu ainda tinha pena dele. Na verdade, pensando bem, eu não sabia se era pena dele ou de Lucy e George.

Eu havia sofrido quando estava com Jake e, depois que terminei o namoro, descobri que ele não se importava muito comigo. Na verdade, ele não se importava nem um pouco. Eu estava sendo usada como um objeto em suas mãos. Apenas isso. E isso, para mim, era inadmissível.

Eu chamei o táxi assim que a primeira luz da manhã surgiu no céu e alguns minutos depois o carro já estava parado na porta do prédio. Sai do saguão, atravessei a calçada correndo, protegendo meu rosto das geladas rajadas de vento e entrei no veículo.

O motorista, um senhor de uns sessenta anos com bigodes e cabelos absolutamente grisalhos, sorriu para mim de forma gentiu e me cumprimentou com um caloroso "bom dia". Eu não estava tão a vontade, mas respondi ao seu cumprimento da melhor forma que eu consegui. Estendi o endereço para ele e no mesmo instante ele ligou o carro e partiu.

Essa seria a primeira vez que eu veria Ramon e minha mente já imaginava coisas horríveis, já que Jake ultimamente não andava com tão boas companhias. O mexicano poderia ser um malandro e folgado, como mostram nos filmes, certamente um homem de "negócios".

O motorista ia falando, de vez em quando, comentando sobre o tempo e sobre os passantes. Nada que me interessasse no momento. Meu foco estava em Ramon e na conversa que teria com ele.

O táxi percorreu diversas ruas que eu já conhecia e, quinze minutos depois, parou em frente a um enorme prédio de fachada de vidro esverdeado e eu duvidei por um momento que Ramon morasse ali.

Saltei do carro após pagar a corrida e fui em direção à monumental construção. Depois de hesitar por alguns segundos, apertei o interfone.

- Bom dia - atendeu o porteiro com uma voz gutural.

- Bom dia - respondi um pouco incerta - eu preciso ver o Ramon. Ele está?

- Só um momento.

O porteiro desligou e eu percebi um movimento atravéz do vidro. Quando ele apareceu na porta eu, com toda certeza, fiz uma cara de espanto. O porteiro era alto e barbudo, com o físico do Hulk mas, apesar do seu tamanho amedrontador, seu rosto ostentava um sorriso gentil. Ele apertou um botão pelo lado de dentro da porta dupla de vidro e o portão fez um clic, sinalizando que estava aberto. Eu entrei e atravessei o pequeno jardim.

- Oi - eu disse, sinalizando para o incrível Hulk, que agora estava sentado em uma cadeira que parecia minúscula debaixo do traseiro dele.

- Oi, qual o seu nome? - disse ele pegando o interfone e discando três números.

- Eu sou Anne.

O porteiro aguardou até que Ramon atendesse a chamada.

- Ramon, bom dia. Tem uma moça querendo falar com você. O nome dela é Anne.

O porteiro olhou para mim com uma expressão surpresa.

- Ele disse que não sabe quem é você.

- Sabe sim - eu disse - Diz que é a ex-namorada do Jake.

Ele transmitiu o recado a Ramon e seu rosto se suavizou. Ele sorriu para mim assim que desligou o telefone.

- Ele disse que não esperava, mas que pode subir. Quinto andar, 502.

Um inverno entre nós (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora