35. Planos

540 49 20
                                    

Eu sai do trabalho com minha cabeça fervilhando de pensamentos de todo tipo. A casa de Jake não era muito perto dali e eu teria que tomar um táxi até lá. Nesse dia eu poderia ter a sorte de não encontrá-lo em casa, pois ele costumava sair para beber às terças-feiras. Mas na verdade, ultimamente ele não tinha dia certo para isso, então eu teria que tomar cuidado.

Quando saltei do carro, há uma quadra do meu destino, eu já podia ver a casa, mas agora, tão perto de pôr meu plano em prática, tudo parecia muito mais difícil do que eu havia imaginado. Eu caminhei até próximo à casa e verifiquei na garagem. Para meu alívio, o Land Rover branco não estava na garagem. Suspirei um tanto aliviada, me espreitei até o portão e toquei a campainha.

Minha vontade de sair correndo não conseguiu ser maior do que a vontade de fazer Jake parar, então fui forte e me plantei no chão, torcendo para que alguém aparecesse logo para me atender.

Eu vi a luz da sala se acender e a porta se abriu. Eu quase sorri de alívio quando Lucy abriu a porta, mas a ocasião não condizia com nenhuma felicidade. A mãe de Jake veio rápido e parecia estar esperando minha visita, pois não titubeou nem um segundo ao me ver.

- Anne, querida! O que trás você aqui? - disse ela abrindo o gigantesco portão de grades pretas.

- Oi Lucy. Desculpa aparecer a esta hora. É que eu precisava falar com você.

Eu entrei e dei um abraço em Lucy, que foi retribuído com mais afeto do que eu esperava. Ela fechou o portão e me guiou até destro de casa, andando ao meu lado, com a mão em minhas costas.

- O Jake não está aqui, querida - disse ela ao perceber minha expressão tensa - Pode ficar tranquila. O George também não está.

Ao saber que o pai de Jake também não estava, fiquei um pouco mais aliviada. Não queria ter que conversar com ele. Apesar de ele gostar bastante de mim, sua expressão era tão severa que intimidatória qualquer um.

- Vamos, - disse Lucy - vamos ao meu ateliê. Poderemos conversar mais à vontade lá dentro.

Eu a seguir pela casa que eu tanto conhecia e aquilo me trouxe uma sensação nostálgica, mas freqüentar aquele ambiente não era uma coisa que eu desejava voltar a fazer. Nunca mais.

Chegamos ao ateliê de Lucy e entramos. Eu já havia estado ali dezenas de vezes, e nada parecia estar diferente do que eu conhecia. Quadros pendurados nas paredes, pincéis e tintas dispostos nas prateleiras, linhas e máquinas de costura, barbantes de diversas cores e ferramentas para inúmeras utilidades. Era um pouco bagunçado, mas de uma forma que não daria para se perder.

Lucy fechou a porta, girou a chave, veio até perto de mim e puxou duas banquetas pequenas que estavam na máquina de costura e no tripé de pintura.

- Sente-se querida.

Eu agradeci e puxei uma das banquetas para o meu lado, me acomodando e apoiando um dos cotovelos numa mesinha rústico de madeira maciça.

- Eu não sei nem por onde começar, Lucy.

- É sobre o Jake, certo?

- Sim. É sobre ele - eu disse esfregando as mãos.

- Querida, não precisa ficar nervosa. Se o Jake estiver fazendo alguma coisa errada, eu serei imparcial. Não vou acobertá-lo só porque é meu filho. Eu seria injusta se fizesse isso.

Eu admirava o senso de justiça de Lucy. Ela sempre prezava pelo que estava certo, independente do que fosse.

- Eu conheci uma outra pessoa, Lucy e nós estamos nos dando muito bem - eu comecei a falar, olhando para minhas mãos - Ele e Jake já tiveram uma briga feia.

Um inverno entre nós (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora