18. Revelação

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Incrivelmente, o dia parecia estar contribuindo para o bom humor de Mark. A neve havia cessado de cair e o sol havia aparecido misteriosamente brilhante por entre as nuvens cinzentas, fazendo o dia ficar um pouco mais claro e aquecido.

Ele estava do lado de fora, cuidando do jardim. Retirou a neve acumulada da calçada e do caminho até a porta, cuidou das poucas folhagens que resistiam ao frio e varreu a garagem que estava suja por causa dos pneus do carro.

Faltavam apenas quinze dias para o Natal e Mark decidiu que, depois de três anos, sua casa merecia uma decoração condizente com a data festiva.

Ainda teria que comprar a árvore, as luzes e todos os demais enfeites natalinos, pois os que anteriormente usava em sua casa, já deviam estar velhos e corroídos pela falta de uso e pelo péssimo armazenamento que Mark lhes dera.

Sabia exatamente onde eles estavam, mas seu ânimo não lhe permitiria retirar aquela velha caixa de papelão esmagada debaixo de tantas outras no armário da oficina.

Porém, além disso tudo, Mark sentia que sua felicidade vinha por outro motivo e não atribuía isso à chegada do Papai Noel com suas renas.

Ele estava ansioso para se encontrar com Anne. Ela havia o convidado para almoçar em sua casa e Mark sentia que aquele dia seria muito melhor do que os outros em que haviam se encontrado.

Mark terminou a limpeza do jardim e entrou em casa, direto para o banho. Demorou quase meia hora debaixo da agradável água quente do chuveiro.

Foi então que lembrou-se de uma pequena promessa que fizera a si mesmo: ele voltaria a falar com a Sra. Wilson. Ela que, com sua história, incentivou Mark a tomar uma atitude sensata na vida.

Apressou-se em sair do banho e vestir uma roupa adequada à situação. Um jeans preto, camisa azul escuro de gola redonda e um blazer preto. Aparentemente a temperatura não cairia muito durante o dia mas, ainda assim, pegou um casaco de lã cinza e jogou no banco do carro.

A casa da sra. Wilson apareceu no campo de visão de Mark alguns minutos depois que ele saiu. Não se demorou em parar o Jeep na frente da garagem e saltar, correndo em direção à porta da casa. Um toque na campainha foi o suficiente para ele ouvir um som de passos.

Uma Sra. Wilson sorridente apareceu quando a porta se abriu.

- Mark, que surpresa!

Ela o puxou para um abraço maternal, e depois o afastou e avaliou de cima a baixo, como uma vovó faz com seu netinho que não vê há muito tempo.

- Como você está bonito, rapaz! Entre!

- Obrigado, Sra. Wilson - respondeu constrangido.

- Venha, sente-se, vamos conversar um pouco - disse ela fechando a porta e apontando para o sofá.

Mark se sentou tentando imaginar como a casa da Sra. Wilson conseguia manter um cheiro tão gostoso de biscoitinhos. Cruzou as pernas, imaginando por onde começaria a relatar a história. Decidiu que deixaria fluir e em algum momento teria oportunidade.

- Como você está, querido? - perguntou ela desabando pesadamente sobre a poltrona à frente de Mark - Achei você péssimo da última vez.

- Posso dizer que estou melhor - Mark pigarreou - Estou conhecendo uma pessoa.

O rosto da Sra. Wilson de vincou um pouco e ela pareceu pensativa.

- Entendo. Mas vocês não estão namorando, não é?

- Não - respondeu Mark um pouco receoso.

- Mark, você ficou durante três anos sozinho. Seu coração estava muito fragilizado por causa desse sofrimento - disse ela tentando inutilmente não demonstrar tanta preocupação - Não estou dizendo que não deva se relacionar com outra pessoa. Só quero que você tome cuidado para não se magoar novamente.

Um inverno entre nós (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora