29. Santuário

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No feriado do primeiro dia do ano Anne havia voltado da casa de seus pais e negara de todas as formas a insistência de Mark em buscá-la de carro. O ônibus que a trazia de volta a Jeanville chegaria quase onze da noite e Mark recebeu uma mensagem em seu celular assim que o horário de desembarque se passava.

Ele preferiu não marcar encontro com Anne para o próximo dia. Esperou que ela fizesse e assim aconteceu. Antes do horário do trabalho, Anne ligou para Mark e sugeriu que se encontrassem à noite, após o expediente.

Para Mark aquele encontro já tinha o gosto de ser o melhor de todos. Ele sentia saudade de Anne e, apesar dos acontecimentos da semana anterior, não havia deixado de gostar da ruiva que o encantara.

Durante o restante do dia Mark só ficou pensando em como surpreenderia Anne. Teria que preparar um jantar especial e decidiu que queria presenteá-la com alguma coisa, mesmo que fosse algo simples, somente para se lembrarem do primeiro encontro do ano.

Ele pediu para que sua secretária, Mary, fechasse a gráfica e saiu mais cedo, a procura de algo de que se agradasse. Andou por quase uma hora no South Garden shopping, até se deparar com uma joalheria de vidraças iluminadas, que emitia uma claridade dourada, chamando a atenção dos passantes.

Mark parou ao lado de fora da loja e ficou admirando os pingentes, colares, brincos e gargantilhas de todas as formas e tamanhos.

Quando ele entrou na loja, a atendente veio em sua direção. Ela era morena e tinha um belo sorriso muito branco, cabelos pretos, lisos, amarrados em um alto rabo-de-cavalo.

Após alguns minutos de uma animada conversa, Mark saiu da loja com uma sacola de papel preto brilhante contendo uma caixinha de veludo vermelho. Dentro da caixinha, o presente que seria entregue a Anne.

Antes de ir para casa, ele comprou um CD com músicas românticas, passou num mercado e comprou o que julgava necessário para um jantar romântico adequado.

Já em casa, Mark arrastou alguns móveis da sala, de forma que ficassem organizados e coubesse uma mesa no centro do cômodo. A mesa de quatro lugares que ficava na cozinha foi posta no lugar que ele havia preparado e coberta com uma toalha de renda bege.

Mark colocou duas velas em um pequeno castiçal e dispôs pratos, talheres e duas taças para vinho sobre a mesa. Depois de tudo pronto, olhou de longe e viu que o lugar ficaria bonito assim que a noite chegasse e as velas fossem acesas.

Então ele partiu para a cozinha para começar a preparar o jantar. Apesar de ter aprendido a ser um bom cozinheiro, abriu um livrinho de receitas que estava a muito tempo sem uso em uma das gavetas dos armários e colocou-o ao lado do fogão para que pudesse consultar sempre que precisasse.

O jantar teria que ficar bom. Era uma aposta que tinha feito consigo mesmo.

***

Mark saiu do banho e vestiu uma roupa formal. Calça social creme, sapatos pretos, camisa social com finas listras verticais azuis e brancas e um suéter cinza. Se olhou no espelho por diversas vezes e na hora marcada, pegou um sobretudo preto, vestiu por cima e saiu.

Chegou em frente ao prédio que Anne morava às dez da noite e ficou esperando que ela aparecesse na portaria. Vinte minutos depois Mark a viu. Ela usava um vestido justo, rosa, com uma transparência na frente, que ia da gola até o início de seus seios. Nos pés, um sapato preto de verniz, com um salto médio e sobre os ombros, um sobretudo marrom. Seus cabelos estavam penteados de uma forma simples, puxados para o lado direito e jogado sobre o ombro do mesmo lado. No lado oposto brilhava em seus cabelos uma borboletinha metálica com pedrinhas azuis que refletiam a iluminação local.

Um inverno entre nós (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora