43. Liberdade

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Os pais de Anne e a mãe de Mark, deixaram os dois sozinhos, entendendo que eles precisavam de uma dose de privacidade. Ele sentou-se na cama com a ajuda de Anne e pareceu respirar aliviado por não estar mais deitado.

Alguns minutos atrás, apesar de aquele ambiente não ser o mais propício, Mark se apresentou oficialmente ao pai de Anne, pedindo, como formalidade, para namorar com sua filha.

Eles acabaram rindo da situação mas o Sr. Baker, pai de Anne, fez questão de fazer Mark jurar cuidar da filha.

- Anne - começou Mark quando já estavam sozinhos - eu não queria tocar nesse assunto agora, mas eu não quero que você fique correndo perigo por aí.

Anne se contraiu um pouco na poltrona, sabendo onde aquela história iria parar.

- Você sabe, - continuou Mark - Jake não é flor que se cheire e não vai te dar sossego.

- Acho que você não vai precisar se preocupar - disse Anne, sentindo, estranhamente, um peso no coração.

- A polícia já o pegou? - perguntou Mark se inclinando um pouco para a frente.

- Não, Mark. Não sei se você viu, mas... o carro dele capotou.

Nessa hora Anne colocou a mão no rosto e começou a chorar. Mark não se lembrava do ocorrido com o carro de Jake e julgou parcialmente o que Anne iria dizer em seguida, então ficou em silêncio.

- Apesar de tudo, eu não queria que acabasse assim - disse ela secando o rosto - Ele foi tão burro... tão idiota...

Mark baixou a cabeça e ficou pensativo. Ele também achava que não precisava ter acabado daquela forma, mas não tinha culpa pelas péssimas escolhas feitas por Jake.

- Agora ele está morto - disse Anne, somente para concluir seu raciocínio - Nunca mais terá a chance de ser melhor. Nunca mais.

***

Depois de descer do táxi, Mark entrou em sua casa, mancando um pouco, após ficar alguns dias em observação no hospital. Anne o ajudou a caminhar até o sofá e ele desabou ali, fazendo caretas de dor. Sua mãe já havia ido embora, após Mark insistir que Edward, seu padrasto, pudesse estar precisando muito mais da presença dela.

A mulher foi embora, relutante, prometendo que voltaria, assim que Edward pegasse uma folga maior. Paul, seu irmão, ligava todos os dias para saber como ele estava e também havia prometido ir a Jeanville no próximo final de semana.

O braço esquerdo de Mark estava engessado e nem ao menos poderia trabalhar. Sabia que perderia muito dinheiro, mas não havia opções para ele. Trabalhava só com Mary e ela era a secretária e não operadora de máquinas. Se não quisesse perder os clientes, teria que terceirizar todo serviço que entrasse e se preocuparia somente com as entregas.

Mary o visitara no hospital e havia ficado pasma com a história contada por Mark e Anne. Ela se prontificou a tomar conta da gráfica e enviar os relatórios diariamente para mark, o que ele agradeceu profundamente. Ela era o tipo de pessoa que se doava ao trabalho que fazia, mesmo não sendo dona do negócio e Mark reconhecia o talento da mulher.

Anne sentou se ao lado de Mark e beijou sua bochecha. Em seus olhos estava nítida a alegria por estar junto a ele. Depois de alguns minutos, ela foi para a cozinha, começou a preparar o almoço e Mark reconheceu o cheiro do molho de tomates.

Depois de alguns dias comendo comida de hospital, uma comida caseira cairia excepcionalmente bem. Em meia hora a mesa estava posta e Mark saboreou o prato como se não comesse há semanas.

- Está uma delícia - disse ele com a boca cheia.

Anne apenas riu dele, admirando o prazer com que ele comia um simples macarrão com molho.

Um inverno entre nós (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora