Capítulo Dois

649 45 20
                                    

A #BFF nunca parava.

A parte feriados e domingos, a agência liderada por Anahí, Maite e Dulce, estava sempre lotada de gente e trabalho era o que não faltava. Eram os ossos do ofício, por terem tornado-se donas de uma das maiores agências de eventos em Santa Bárbara. Em dia de casamento, a movimentação era maior ainda. Os telefones não paravam de tocar, os últimos ajustes no vestido das noivas e das damas de honra eram feitos, todas terminavam de ser arrumar ali mesmo em um dos quartos que compunham o belo casarão estilo espanhol.

Anahí gostava de pensar na agência como uma fábrica de realização de desejos; as noivas chegavam com seus sonhos e a #BFF as ajudava a convertê-los em realidade. Tudo isso, claro, dentro do orçamento do casal. Para Anahí e toda a equipe da #BFF, era imprescindível que a noiva tivesse o menor esforço possível no grande dia. Foi esse empenho em buscar a excelência, juntamente com a competência de suas sócias que havia rendido prêmios e mais prêmios de satisfação dos clientes por anos consecutivos.

O maior motivo por trás do sucesso da empresa, no entanto, era a amizade que unia as três jovens proprietárias da agência. Elas haviam se conhecido na época da faculdade, quando mesmo atendendo a cursos diferentes, foram colegas de república. O tempo, em vez de desbotar aquela amizade, como fazia com tantas outras, apenas a fortaleceu o elo entre elas; e elas que sonhavam com seus próprios casamentos, resolveram ajudar outras mulheres a terem seus sonhos realizados. O nome #BFF era uma homenagem a amizade delas e também a mensagem que elas queriam passar enquanto empresa; as noivas que contratassem seus serviços, teriam ali verdadeiras amigas para auxiliar naquele momento tão especial de suas vidas.

Anahí sorria nostálgica ao lembrar-se de como tudo começou... Ela era uma jovem idealista e romântica naquele tempo e muito, muito ingênua. Agora, apenas a mulher de negócios restara do que ela um dia fora. Das três, a única que realizara o sonho de dizer "sim" foi Dulce, mas já fazia um tempo que Anahí vinha desconfiando que o casamento da amiga não ia tão bem quanto ela teimava em fazer parecer.

O que era mais um dos motivos pelos quais Anahí havia descartado a ideia de casar-se um dia. Já dizia o ditado que em casa de ferreiro, o espeto é de pau. O que pensariam suas clientes se soubessem  que ela já não acreditava naquilo que era o carro chefe de seu negócio: o amor.

— Annie, querida! Precisamos da sua ajuda no ateliê!  – a voz de Miguel atrás de si a despertou pra vida.

— O que houve? – Anahí coçou os olhos, antes de colocar seus óculos de leitura.

— A noiva! – Miguel tinha algumas fitas métricas penduradas no pescoço e trazia nas mãos duas amostragens de tecido. — Decidiu que não quer mais o vestido branco, quer que troquemos pelo cor de pêssego! Acontece que o cor de pêssego precisa de alguns ajustes... Dulce está doida lá em cima!

— Por Deus! E Maite?

— Saiu pra levar as damas de honra de Angelique Boyer, futura Rulli, até a igreja para o ensaio.  – Miguel falou em tom sonhador, vendo a amiga rir.

— E o caso da noiva é código azul ou vermelho? – ela já saia do balcão na recepção pra seguir o amigo e estilista.

— Vermelho total, diva. – revelou. — Ela está virada o cão!

— Sei bem como é... esse momento é difícil pra elas, por isso devemos dar todo o nosso apoio e ombro amigo, se preciso for.

— Juro que não sei de onde você tira toda essa paciência. – ele brincou, subindo as escadas, com Anahí atrás de si. — Se fosse por mim, já tinha espetado os olhos dela com os alfinetes do vestido!

— É por isso que somos uma equipe, Miguel! – respondeu, dando dois tapinhas no ombro do amigo.

Quando eles chegaram no ateliê, a noiva andava de um lado para o outro com parte do vestido desabotoado. Miguel tinha sido impreciso na descrição da crise, a mulher estava hiperventilando.

#BFF  - A fábrica de sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora