Capítulo Vinte e Oito

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Os dois saltaram da Harley; Angelina, Anahí fez questão de se lembrar, rindo internamente e passaram tão rápido pela portaria do prédio residencial que Raoul, o porteiro, mal teve tempo de alertar Alfonso que havia alguém esperando por ele.

Dentro do apartamento, Samantha batia o salto finíssimo sobre o piso de madeira e checava o relógio de parede de cinco em cinco minutos. Alfonso estava demorando para chegar da emissora. Ele nunca foi de demorar.

Convencendo-se de que ele não voltaria tão cedo, ela suspirou resignada e se preparou para pegar suas malas. Algo a deteve. A maçaneta girou uma, duas vezes e ela finalmente os viu. A porta mal se abriu e Alfonso estava prensado contra ela, as mãos enterradas nos cabelos castanho-claros de uma mulher que usava uma calça social branca que se colava indiscretamente ao seu traseiro. Samantha só reparou aquilo porque as mãos de Alfonso estavam apertando o dito cujo naquele momento.

Ela arregalou os olhos e quis gritar ou correr, mas não fez nem uma coisa, nem outra. Em vez disso, limpou a garganta alto o suficiente para que os dois pombinhos ouvissem.

A mulher foi a primeira a se dar conta de que havia uma terceira pessoa ali e parecia mortificada enquanto ajeitava a blusa de alcinha que tinha sido abaixada pelas mãos de Alfonso.

Samantha ergueu o queixo e encarou a situação. Talvez tivesse sido precipitada em achar que Alfonso não tinha seguido em frente... ele era um homem, afinal.

— O que você está fazendo aqui? – perguntou Alfonso quando saiu do transe induzido pelo choque de vê-la em sua sala de estar.

— Como está, Poncho? – ela deu um sorriso amarelo.

A mulher que o acompanhava não sabia pra onde olhar e acabou dizendo a ele:

— Acho melhor eu ir embora...

A mão dele a deteve, antes que ela girasse a maçaneta. Os dois trocaram um olhar carregado e Samantha sentiu o estômago se revirar. Era como se ela estivesse sobrando... ela nunca sobrava. Nunca.

— Acho que deve ficar. – respondeu Alfonso, a mão ainda sobre a dela.

Samantha assistiu a mulher assentir com a cabeça, ainda que desse pra perceber que ela continuava desconfortável.

— Como não respondeu, vou perguntar de novo; o que você faz aqui, Samantha?

— Você também não respondeu quando perguntou como você estava...

Alfonso soltou uma risada irônica. Tudo estava tão bem... mas tão bem! Ele e Anahí tinham resolvido continuar com aquele... lance entre eles e ele estava prestes a levá-la pra cama pela terceira vez em um intervalo de 24 horas. O que diabos Samantha tinha que estar fazendo ali? Justo agora que ele quase havia exorcizado todos os fantasmas de seu passado ao lado dela. Teria ela vindo tripudiar sobre ele? Ver o mal que tinha causado?

— Como acha que estou, porra?

Anahí abaixou a cabeça, tentando absorver tudo aos poucos. Sentia-se uma intrusa ali. Preferiria estar em qualquer outro lugar naquele momento. Não precisava ser uma gênia da lâmpada pra entender o que se passava; Samantha, a loira alta, com porte de modelo, pernas que duravam por dias e sapatos de salto alto ridiculamente vermelhos era alguém muito importante para Alfonso.

— Eu não sei, Poncho... e foi por isso que voltei. Quero reconstruir minha vida e isso começa com você... – ela apontou com a cabeça o lugar onde deixara as malas ao lado do sofá. — Voltei pra ficar.

Anahí seguiu com o olhar e viu as malas vermelhas. Ótimo! Uma mulher linda de morrer e que combinava as malas com os sapatos... ela não tinha nada a ver com Alfonso, mas a cada segundo ficava mais claro o tipo de relação que eles tiveram no passado.

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