Capítulo Vinte

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— Como assim ele a levou em casa? Eu tô muito chocado feat impactado! E ela como reagiu?

Miguel trancou a porta do ateliê assim que Dulce entrou com o café da manhã. Ele não acreditava nas fofocas da amiga. Anahí completamente bêbada sendo carregada pra casa por Alfonso? Hilário demais pra ser verdade.

— Acordou com uma dor de cabeça épica, mas graças ao remédio que Alfonso deixou e as suas dicas, nossa amiga se recuperou rapidinho e já já está aí controlando tudo e todos de novo.

A coisa só melhorava.

— Peraí! O quê? Ele deixou remedinho e tudo? Meu Deus! – Miguel brincou. — É muito pior do que eu pensava... Mas me diz uma coisinha, Dul, ele disse o que tinha acontecido?

Dulce deu de ombros, pegando um croissant da sacola.

— Não muita coisa, mas falei com a Annie hoje cedo e ela me contou que Paul a pediu em casamento.

Miguel arregalou os olhos, mas que sessão fofoca era essa? Uma mais suculenta que a outra!

— Babado! Como assim?

Dulce contou por cima, sem maiores detalhes, da mesma forma que Alfonso tinha contado a ela na noite anterior.

— E ela estava bêbada durante o pedido, imagina... Não entendo como ele não teve tato pra perceber que o timing estava todo errado! – disse balançando a cabeça. Homens podiam ser tão estúpidos as vezes... e por as vezes, ela queria dizer na maior parte do tempo. 

— Eu gosto do Paul...

Dulce revirou os olhos. É claro que Miguel gostaria do Paul... mas é claro!

— E eu não sei? Também gosto dele, mas acho que se ele amasse a Annie como vive dizendo que ama, ele a conheceria mais, conheceria seus hábitos, suas reações, saberia lidar com ela, entende? – ela acabou se empolgando. — Eu não acho que ele ama a Annie tanto quanto–

— Tanto quanto você? – Miguel sorriu conhecedor.

Dulce quase engasgou com o croissant.

— Perdão. O quê disse?

Miguel saiu de onde estava e se sentou ao lado dela no divã.

— Dulce, vamos ser honestos um com o outro, ok? – ele a encarou, puxando suas mãos para o seu colo. —  Eu sempre soube que você nutre sentimentos pela Annie que vão além da simples amizade...

Dulce abaixou a cabeça constrangida.

— Eu dou tão na cara assim?

— Não, querida. – Miguel respondeu amável como sempre. Ele vinha esperando por aquela conversa há muito tempo. Sabia que ela chegaria, mas não sabia quando. — É só que nós da comunidade LGBT reconhecemos uns aos outros... mas você continuava com seu marido e nunca queria se abrir comigo sobre o assunto, então decidi não pressioná-la.

Dulce sorriu, ainda que fosse um sorriso agridoce.

— É... Jack, o maior erro da minha vida, mas que também me deu o meu maior tesouro.

Miguel assentiu, antes de perguntar:

— Afinal, você amava seu marido ou ele era uma fachada?

Boa pergunta! Dulce se questionara e divagara em torno daquela questão por anos a fio. Amava o marido? De verdade? Alguma vez o teria amado? Era difícil dizer, quando o conhecera, ela realmente tinha pensado que aquilo era amor, mas depois de tudo que aconteceu naquele relacionamento, ela já não estava tão certa.

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