Capítulo Dezenove

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Anahí saiu de casa por volta das dez horas da noite, enquanto Dulce colocava Julian pra dormir. Ela precisava mesmo se distrair um pouco. Aquela primeira semana aguentando Alfonso Herrera tinha sido mais difícil do que ela pensava. Ele estava o tempo todo perguntando tudo, anotando cada palavra que lhe diziam em um bloco de notas, fotografando e filmando. Ela tentava tratá-lo profissionalmente, mas não conseguia disfarçar que não ía com a cara dele. Talvez não existisse amor a primeira vista, mas ódio a primeira vista, ah, isso existia sim e os dois eram a prova viva disso.

— Desculpe pelo atraso, estava me certificando que Dul ía ficar bem sozinha em casa. – Anahí se explicou assim que chegou ao Zaytoon. — É a primeira vez que ela passa a noite sozinha desde que tudo aconteceu.

Paul levantou-se da mesa para cumprimentá-la. Ele estava lindo em seu terno caramelo e camisa social preta sem gravata. Um sorriso curvava seus lábios quando ele inclinou-se para abraçá-la e beijá-la no rosto. Com o gesto, Anahí sentiu o forte cheiro da colônia masculina que ele usava.

—  Eu entendo, Annie... mas mesmo que não fosse por isso, só por ver sua beleza nesse momento, a meia hora de atraso teria valido a pena. – ele disse, abertamente a admirando, enquanto puxava a cadeira para ela se sentar.

— Sempre o Don Juan!

—  Só existe uma mulher a quem quero conquistar. – Paul respondeu e ela desviou o olhar.

— Paul...

Anahí tinha certeza que a mulher que fosse amada por Paul e retribuísse seu amor, seria a mais feliz das mulheres. Ela o admirava, gostava da sua companhia, bem como da forma que ele a tocava na cama, mas ela não era a pessoa certa pra ele. O estilista apenas ignorou a mensagem clara que o olhar da empresária o endereçou e perguntou:

— Como foi o seu dia?

—  Um caos, um inferno, uma loucura!

— Vamos com calma, por que não me conta o que houve? – ele aproximou a própria cadeira da dela, de modo a ficar ao seu lado e acariciou seu ombro, exposto pela blusa de alça cropped que ela usava. — Quando me ligou, imaginei que quisesse me contar alguma coisa e eu já estava me programando pra te convidar pra sair, então fiquei contente, mas sabia que havia algo te aborrecendo.

Anahí mordeu o lábio inferior. Não relaxando em nada com o toque de Paul. Tudo por culpa do maldito Herrera e seu nariz comprido se metendo onde não havia sido chamado.

— É... eu tô meio chateada mesmo. – ela confirmou as suspeitas de Paul.

— Mas com o quê exatamente?

— Primeiro foi toda a história com o Jack... aquele ali nunca me enganou, mas no fundo eu esperava que ele fosse bom para a Dulce e olha no que deu.

Paul assentiu compreensivo.

— Ninguém podia prever algo assim.

— Eu pude. – ela disse com a voz trêmula. — Eu sempre soube que ele não prestava, mas não pude afastá-lo da minha amiga.

— Você se engana, Annie... mesmo que você tentasse dizer a Dulce o que achava do marido dela, como desconfiava dele... bom, isso não seria uma garantia de que ela terminaria com ele no ato.

Anahí fungou, levando a mão ao rosto e limpando o que seriam lágrimas.

— Eu devia ter tentado protegê-la. – Paul a assistia com atenção. — Parece que ultimamente eu só tenho falhado com minhas amigas!

— Elas são bem grandinhas pra precisar que você as proteja o tempo todo, querida.

Anahí o encarou friamente.

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