#BFF - A fábrica de sonhos

Capítulo Doze

Era segunda-feira de manhã e Alfonso estava para poucos amigos. Angelique e Sebastian tinham saído em viagem para Índia logo após a festa de casamento. Os dois tinham uma filosofia de vida bastante distinta, ela sendo fã das dietas macrobióticas e das técnicas de meditação oriental e ele, filho de pais arquitetos, era um amante das artes e da construções indianas, bem como de sua religião e cultura.

O ponto é que enquanto seus "primos" aproveitavam sua lua de mel em um país exótico, ele estava condenado a mais uma reunião de pautas da emissora. Não que pudesse reclamar. Ele amava o que fazia, trabalhar no coração da World Wide Santa Barbara, ou como era chamada carinhosamente pela população da cidade, WWSB era uma honra para Alfonso e ele havia lutado muito para chegar na atual posição que ocupava na equipe. Ele era um dos jornalistas responsáveis por apresentar pautas à direção executiva da emissora, pautas que viravam matérias, principalmente do carro-chefe do canal, o jornal de notícias e entretenimento "O Expectador".

— Valeu por guardar um lugar pra mim, cara. – Alfonso disse, assim que se sentou ao lado de Christopher na mesa da sala de reuniões. — Odiaria ter que me sentar ao lado do Bob. Ele tem um chulé insuportável!

Christopher riu, arrumando o óculos de grau nos olhos e lançando um olhar a porta da sala, vendo os outros colegas de equipe chegarem e ocuparem seus lugares.

— Foi por pouco, Poncho! – disse, colocando um bloco de notas e uma pasta sobre a mesa de vidro. — A chefia não está no melhor dos humores hoje! A próxima vez que pensar em estender suas atividades noturnas com a Nadine ou qualquer outra, me avise!

Alfonso tirou seu laptop da pasta, colocando-o também sobre a mesa. Ali estavam todos os seus projetos e trabalhos. Ele não era nada sem ele.

— Relaxa, Ucker! Depois da pauta que eu vou apresentar, a chefia vai ficar tão feliz que vai nos mandar de férias para as Ilhas Gregas por três meses!

— Santorini é um paraíso mesmo! – Christopher suspirou e Alfonso virou os olhos.

— Acho que as vezes você esquece que nem todos por aqui nasceram em berço de ouro como
você!

Christopher riu alto, chamando a atenção dos outros que já discutiam ideias na mesa. Desde que se conheceram no primeiro semestre do curso de Jornalismo do UCLA – University of California, Los Angeles, tinham tornado-se grandes amigos, mesmo vindo de realidades tão diferentes. Alfonso veio de uma família de classe média e Angelique era o mais perto que ele tinha de uma "parente rica", já Christopher sempre vivera em meio a riqueza e ao conforto que sua família tradicional o proporcionava.

— O que te mordeu, Poncho? – chamou a atenção do amigo, estalando os dedos na cara dele, ao que Alfonso respondeu batendo na mão dele. — Não viu Nadine nesse fim de semana ou alguma outra desavisada?

— Pior é que eu a vi. – Alfonso respondeu passando as mãos no cabelo que estavam mais compridos que o normal na nuca. — Só que seria bem melhor pra minha saúde física e mental se não tivesse visto!

— O quê? Vai dizer que ela finalmente te enquadrou por não assumir esse namoro? – Christopher estudou a reação do amigo. — Estava demorando pra ela te mandar passear!

Alfonso fez uma careta, como se Christopher tivesse dito o maior absurdo que ele ouvira em toda sua vida e disse:

— A menor das minhas preocupações nesse momento é a ter que lidar com as expectativas que Nadine tem sobre a relação que ela acredita ter comigo.

— Ela gosta de você.

— Não é problema meu! – Alfonso deu de ombros, de uma maneira que, Christopher sabia, significava que o jornalista não queria mais falar daquele assunto.