#BFF - A fábrica de sonhos

Capítulo Trinta e Oito

Muito a contragosto, Samantha tinha alugado um apartamento num bairro não muito afastado do centro de Santa Bárbara. Pra ela, não havia problema nenhum em ficar no apartamento de Alfonso, mas ele foi categórico em dizer que preferia continuar morando sozinho e que os dois realmente queriam construir algo sólido, era melhor não colocar os carros na frente dos bois. Segundo ele, não tinham porque ter pressa. Samantha estava se adaptando a nova vida e preparava seu café da manhã, uma mistura de banana amassada e ovo, que o personal trainer da academia que frequentava disse ser a chave do sucesso, quando se tratava de receitas para perda de peso, quando ouviu a campainha tocar. Quem podia ser...? Alfonso já devia estar no trabalho e ela fora clara com o vigia. Não queria nenhuma visita naquele horário.

— Vou te dar cinco minutos pra explicar o que diabos está fazendo aqui. – disse ela, ao abrir a porta e dar de cara com Scott.

— Eu precisava te ver novamente.

— Depois de tudo o que eu te disse em Nova Iorque e tudo o que eu te disse quando chegou aqui, me surpreende muito que ainda queira falar comigo.

O homem balançou a cabeça, deixando cair fios de sua franja sobre os olhos. Ele era lindo, disso não havia dúvidas, mas o coração de Samantha nunca esteve ali. Fora uma aventura, um risco que ela precisou tomar pra se sentir viva. Isso e nada mais.

— Não acabamos nossa última conversa direito, Sam.

— Eu já te disse tudo o que tinha pra dizer, mas você não quer aceitar! Eu amo Alfonso. Ele me ama. É com ele que eu vou ficar.

Um riso debochado saiu dos lábios de Scott e ele cruzou a pequena sala em passadas rápidas, encostando-se na coluna que separava o cômodo da cozinha. Então, lançou:

— Tem certeza disso?

— Se eu tenho certeza do que eu quero? – perguntou revoltada. — Sim, eu tenho, Scott.

— Nada disso, Samantha. – ele negou com a cabeça. — Tô perguntando se tem certeza do que o seu namorado sente por você.

Que tipo de pergunta era aquela?

— Poncho é louco por mim.

— Acorda, Sam! Aquele cara é louco por um par de belas pernas e uma boa bunda, isso sim!

Foi Samantha que riu daquela vez. De todas as táticas de Scott pra reconquistá-la, aquela tinha sido a mais vil e baixa. Tentar manchar a imagem de Alfonso? Como se fosse possível...

— Está falando de você mesmo, né? Alfonso não é assim, querido. Eu o conheço.

— Corrigindo... você o conhecia. – argumentou Scott, com a expressão de quem sabia mais do que estava revelando no momento. — Dois anos se passaram, Sam. Porra, até eu mudei nesse tempo! Eu não queria ninguém e agora estou rastejando aos seus pés...

A modelo estreitou o olhar.

— O que está insinuando?

— Já pensou que nesse tempo todo em que você esteve brincando de casinha comigo na Big Apple, ele pode ter mudado?

— Seus sentimentos não mudaram. – afirmou Samantha, mais pra si mesma do que para o homem que a encarava como se ela estivesse falando o maior absurdo... ela estava? — Eu sei disso.

— Fique esperta, Sam. – disse Scott, respirando fundo e passando um mão pelo cabelo. — Eu fui à WWSB hoje mais cedo fechar o contrato de um editorial e eu vi uma mulher muito gostosa saindo da sala do seu namorado.

— Mulheres bonitas trabalham na emissora, e daí?

— Todas elas saem da sala de Alfonso parecendo que foram atacadas por um animal selvagem e com aquele brilho especial que só um bom orgasmo proporciona?