Capítulo Treze

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Segundas-feiras eram sempre muito agitadas na #BFF. Devia haver um contrato silencioso entre todas as pessoas do mundo que continha uma cláusula na qual ficava decidido que todos iriam tomar decisões nas segundas-feiras. Dietas, contratos, estudos, organizações de eventos; desses, o casamento sendo o de maior destaque.

Maite estava há quase uma hora no telefone com o pessoal do buffet, enquanto Miguel mudava as vitrines com novos modelos que ele estivera desenhando nos últimos meses. Seu trabalho era metódico e cheio de capricho. Dulce chegara atrasada pela décima vez naquele mês e o que era uma pulguinha atrás da orelha de Anahí crescera e crescera e agora já era um carrapato enorme e pronto pra procriar. Mesmo que a amiga negasse, algo de muito sério estava acontecendo e ela não seria Anahí Portilla se não descobrisse.

— Annie, acha que precisará de mim até a hora de fechar? – Dulce perguntou, quando cruzou com a amiga na sala de estar da agência. Na correria dos últimos meses, elas mal conseguiam sentar e conversar com calma.

— Não sei... por quê? – ela perguntou. — Precisa sair pra alguma coisa, Dul?

— Bom, mais ou menos. – ela sorriu. — É que depois do que houve com Julian na escola, eu quero acompanhá-lo de perto, sabe? Eu sinto que Jack tem razão em dizer que eu me dedico demais ao trabalho e esqueço meu filho.

Anahí sacudiu a cabeça inconformada. Sempre que o nome Jack pintava nas conversas, ela tinha vontade de dar um tiro no vagabundo.

— Seu marido, com perdão da palavra, é um idiota! Você sempre foi uma mãezona da porra, Dulce! – assegurou a amiga que sorriu tranquila. — Tudo o que faz é pelo seu filho e você se dedica a sua carreira sim, porque alguém tem que se dedicar... se você fosse depender da mixaria que Jack ganha, aí sim teria um problema nas mãos!

— Obrigada pelas palavras de conforto, amiga, mas eu ainda acho que preciso estar ao lado do meu filho nesse momento. – Dulce insistiu. — Ele precisa de mim.

— Eu fiquei sabendo por cima sobre o que aconteceu com Julian. – ela lançou um olhar acusador a Dulce, a repreendendo certamente por não ter contado nada. — Está acontecendo alguma coisa com vocês que você não está me contando?

Dulce sorriu sem graça.

— Imagina, Annie! Eu jamais poderia esconder o que quer que fosse de você!

Anahí sorriu automaticamente, mesmo sabendo que naquele mato ainda tinha coelho e ela ia descobrir. Ah, se ía!

— Espero.

Dulce voltou para a sua sala, a fim de ajeitar todos os documentos e papelada, para poder sair mais cedo e buscar o filho na escola. Ela tinha prometido que o levaria para o cinema e depois para tomar um sorvete. Era a sua forma de compensar os horrores que ele vinha presenciando dentro de casa. Jack estava cada dia pior e seus episódios de violência que antes eram reduzidos a ataques mensais, haviam tornado-se eventos diários. Ela mal conseguia esconder os hematomas pelo corpo e estava convencida de que em breve, suas amigas, juntariam dois mais dois. O simples pensamento a enchia de vergonha e dor.

Anahí continuou na sala de estar, dando algumas instruções para as recepcionistas. Ela estava de costas quando as portas da frente se abriram para uma nova cliente.

— Zoraida! – Anahí exclamou sorrindo e indo de encontro a antiga amiga. — Meu Deus! O que faz na nossa pacata Santa Bárbara? Achei que nunca mais voltasse!

— Quem é vivo sempre aparece... é o que dizem. – disse a mulher recém-chegada abraçando a amiga de volta. — Como você está, Anahí? Como está o seu pai?

— Ele está ótimo! Eu também... quer dizer, não tão bem como você! – ela gracejou, pegando a mão da amiga e inspecionando o anel de diamante chamativo em seu dedo. — Conta tudo!

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