Capítulo Quarenta e Oito

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Maite por muito pouco não se arrependeu de sua decisão de deixar o pai e a madrasta de Christopher viverem com eles. A pior provação que já tinha passado em todo sua vida era aturar os desmandos e frescuras de Janet Von Uckerman, por isso, mal disfarçou quando o dia do desfile de Miguel se aproximou e ela e Christopher teriam que viajar para a Espanha.

— Será que eu levo um casaco? – perguntou Maite, enquanto Christopher organizava suas malas. — Soube que Barcelona recebe ventos do deserto e pode ser fria a noite, mas se ficar quente, vou ter me preocupado a toa... Ai, meu Deus! O que eu faço?

— Calma, minha flor. – Christopher parou ao lado da esposa e segurou suas mãos, que tremiam. — Você falou com sua terapeuta sobre os remédios? Tem certeza que não precisa mais deles? Porque eu tenho a receita e posso sair pra comprar agora mesmo.

— Eu tô bem, amor. E a terapia também vai bem, por isso concordamos, eu e minha terapeuta, em diminuir aos poucos os medicamentos.

Christopher não ficou satisfeito com a resposta.

— Certeza absoluta?

— Uhum. Ela disse que tive um grande progresso nesse último ano – ela ficou na ponta dos pés e deu um selinho no marido. — E boa parte disso se deve a sua presença na minha vida...

— Nada disso. Você tem total crédito por todos os avanços no seu tratamento contra a ansiedade. Eu só te apoiei.

— E você fala como se fosse pouca coisa. – ela sorriu, acariciando o rosto do marido e o encarando com todo o amor do mundo. — Você não tem noção de quantos caras já se afastaram de mim quando a barra ficou pesada. A verdade é que todo mundo romantiza essas coisas... depressão, ansiedade, traumas... mas ninguém deseja a responsabilidade de lidar com alguém que sofre de algum problema mental.

— Eu não sei se quero saber sobre seus ex namorados, amor. – ele rebateu com um sorriso que desmentia a seriedade de suas palavras.

— Seu bobo! – Maite deu um tapa no ombro do marido. — Falo sério, obrigada.

— Por quê?

— Por ser tão... você. Por cuidar de mim, por me fortalecer e ser o melhor companheiro que eu podia desejar na vida.

— Eu te amo. – ele murmurou, antes de puxa-la para um beijo apaixonado.

A resposta da esposa ficou esmagada contra seus lábios ansiosos. Os dois estavam tão envolvidos em sua intimidade que não perceberam quando Charles abriu a porta do quarto. Ele limpou a garganta para anunciar sua presença.

— Pai? – Christopher interrompeu o beijo sem tirar as mãos da cintura da esposa. — Achei que não viria almoçar em casa.

O pai de Christopher vinha tentando reerguer sua empresa de contabilidade, mas a tarefa estava se mostrando mais difícil do que parecia. Bom, tinha sido assim nos meses que se antecederam e a princípio, Charles Von Uckerman julgou que fosse sua culpa, já que jamais tinha sido um empresário ou mesmo um gestor. Sua fortura vinha de seus títulos na Europa e da herança deixada por seu pai. Ele jamais tinha colocado "as mãos na massa" antes. Mas como nem tudo é o que parece ser, Charles veio a descobrir nos primeiros meses dentro da firma que uma pessoa tinha armado contra ele. A pessoa que ele menos esperava.

— Eu acabei de falar com meu contador. – Charles disse, passando a mão nos ralos cabelos brancos. — Estou tão confuso, meu filho...

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