Capítulo Quarenta e Nove

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Os olhos de Christian passearam cautelosamente pelo restaurante. Ele passava as palmas das mãos suadas o tempo todo pelas calças. Estava diante do momento mais importante da sua vida e em meio a todos os seus amigos. Era agora ou nunca.

Esbaforido, ele se levantou da mesa e caminhou até a outra extremidade do restaurante. Puxando a taça de vinho branco das mãos de Maite e a colher de sobremesa do prato de Dulce, ele bateu algumas vezes no vidro com a colher até obter a atenção de todos. Só então, ele começou a falar:

— Meus amigos, eu quero pedir a atenção de todos nesse momento. Eu planejava fazer isso no desfile, mas percebi que aquele era o momento do Miguel.  - ele tragou o ar com força para dentro dos pulmões, quando viu o olhar confuso do namorado encontrar o seu. — No nosso relacionamento, nós respeitamos o espaço e a individualidade um do outro, porque amar alguém sem a si próprio é a pior forma de amar. Eu não me amava o bastante quando conheci o Miguel. Me escondia e vivia nas sombras. Matava dia a dia a minha essência. Com Miguel, eu descobri que não tinha nada de errado em ser quem eu era e que não existe forma errada de amor. Nós não nos completamos. Nós ensinamos um ao outro como ser completos. Hoje, eu digo com orgulho que amo quem somos e amo nossa história. – completou emocionado, antes de tirar um anel de ouro do bolso. — Você aceita se casar comigo?

O silêncio que se seguiu foi aterrador. Christian temia que se apurasse um pouco sua audição, ouviria o som do próprio coração descontrolado no peito e do sangue agitado na corrente sanguínea.

Miguel caminhou com passos lentos até o namorado, sem desviar os olhos dele nem por um único segundo. As mãos dos dois se encontraram na metade do caminho, bem como suas bocas. Eles se beijaram por eras enquanto os amigos gritavam, assobiavam e batiam palmas.

Sob aquela chuva de palmas, Miguel interrompeu o beijo, deixou que Christian colocasse o anel em seu dedo e anunciou:

— Gente, eu tô noivo! Olha esse anel!  - os olhos dele brilhavam mais do que o anel quando ele fitou o noivo. — Eu te amo e hoje você me fez a pessoa mais completa do mundo.

Christian engoliu em seco, segurando o choro.

— Pra sempre?

— Pra sempre.  – Miguel respondeu, mergulhando para mais um beijo.

~ x ~

A festa em comemoração ao desfile de Miguel e ao noivado do estilista e seu namorado duraria a noite inteira, como os dois mereciam.

Anahí lutava contra o zíper do vestido, enquanto Alfonso estava no banheiro. Ela tinha abraçado os amigos, com os olhos cheios de lágrimas e desejado toda a felicidade do mundo, antes de pedir desculpas por ter que ir embora mais cedo e voltar para o hotel. Seus pés estavam ardendo após andar o dia todo e carregar uma barriga de oito meses que parecia aumentar dia após dia não era um trabalho exatamente fácil.

— Isso foi lindo, mas eu mal esperava a hora de voltar pra cá. – Anahí fez um careta quando viu seu namorado, e o pai do seu filho, ela corrigiu mentalmente, se aproximar dela. O cheiro da loção pós barba dele fez sua cabeça girar. Mais tarde ela culparia os hormônios da gravidez. — Minhas costas estão me matando.

Alfonso sorriu e aproximando-se mais, colocou as mãos sobre os ombros de Anahí, massageando com precisão os pontos de tensão naquela região de seu corpo, antes de descer pelas laterais e ajuda-la com o zíper do vestido, que caiu aos pés dela sem maior cerimônia.

— Assim está melhor, amor? – questionou, parando de frente para ela, com uma expressão calorosa no rosto. — Sente-se na cama e me deixe tirar seus sapatos.

O tom autoritário e suave ao mesmo tempo fez com que Anahí fizesse o que ele pedia sem questionar. Era bom ter alguém que cuidasse dela. Ela não precisava de ninguém, claro que não. Nenhuma mulher precisava, mas ela o queria ali e ele a ela. E naquele momento, aquilo era o que mais importava.

As mãos de Alfonso subiram ágeis por suas panturrilhas, enquanto ele abria as tiras de sua sandália de salto. Assim que os dois sapatos caíram ao chão, as mesmas mãos passaram a massagear a pele de Anahí com deliciosa pressão, tirando pouco a pouco o estresse que se acumulava após o dia tumultuado. A empresária fechou os olhos em deleite.

— Não precisa fazer isso. Você também está cansado...

A voz dela estava rouca e baixa, notou Alfonso.

— Preciso sim.

Anahí abriu os olhos, deparando-se com as mãos de Alfonso subindo por seus joelhos. Ela estava apenas com um conjunto de lingerie de algodão simples. Não havia muitas opções sexy no mercado quando o assunto era roupas íntimas para grávidas. Alfonso, porém, estava divino usando nada mais do que um roupão do hotel. Os fios molhados de seus cabelos, um pouco maiores do que ele geralmente usava, caíam sobre sua testa e pingavam sobre a cama.

— Eu amo você. – ela constatou simplesmente, como fizera mais cedo no desfile de Miguel.

— Eu sei. – ele respondeu com um sorriso debochado.

— Babaca!

Alfonso riu novamente, enganchando as mãos em sua calcinha, puxando-a de uma vez só para baixo. Ele não dava a mínima para sua roupa íntima e mesmo no estado em que ela se encontrava, gravidíssima, como ela costumava dizer, ele continuava achando-a linda, reverenciando-a como uma deusa da fertilidade.

— Eu também te amo, sua rabugenta. – respondeu Alfonso, enquanto deixava uma trilha de beijos na parte interna da coxa de Anahí até chegar a sua intimidade.

Os olhos dela voltaram a se fechar quando a língua quente e faminta de Alfonso encontrou o centro de seu prazer e seu corpo estremeceu como se ela tivesse uma febre de quarenta graus. Alfonso usou suas mãos para acariciar seu ventre e seios, enquanto seus lábios envolviam seu clitóris e o sugavam de leve. Anahí deixou-se cair sobre a cama. Suas mãos voaram para os cabelos de Alfonso, enquanto ele lambia e chupava sua boceta com maestria, arrancando-lhe suspiros e gemidos cada vez mais altos. Seu quadril começou a dançar conforme o ritmo estabelecido pelos lábios de Alfonso, mas ele usou as duas mãos para segurá-la em seu lugar, enquanto voltava a atacar com uma fome quase desumana. Ele iria levá-la ao paraíso, mas antes ele iria matá-la, Anahí estava certa disso.

Quando ele adicionou dois dedos àquela doce tortura, Anahí desistiu de se segurar. Sua visão ficou branca, suas mãos se crisparam, agarrando com força os lençóis, sua cabeça pendeu para trás pesada e um gemido rouco e febril escapou de seus lábios ressecados. O orgasmo veio avassalador, correndo por suas veias como fogo vivo, incandescente.

Ela sentiu o corpo de Alfonso pesar no colchão ao lado do seu e tentou balbuciar alguma coisa, mas seus olhos estavam pesados e sua mente começava a adentrar o terreno dos sonhos.

— Dorme, meu amor. Dorme e descansa... – ela ouviu ainda, enquanto as mãos do homem que amava afagavam seus cabelos.

~ * ~

Passava das três da manhã quando Anahí acordou de um salto. No meio da cama uma enorme poça de água se fazia presente. Seu coração martelou contra seu peito e ela sacudiu os ombros de Alfonso, tentando manter a calma, dizendo a si mesma que tudo ia ficar bem. Tinha que ficar bem.

— Amor... – murmurou Alfonso com a voz grave e atordoada. — O que foi? Ainda é de madrugada...

— Eu acho que a bolsa estourou.

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