Capítulo Quarenta

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O garçom do Maison, um restaurante especializado em culinária francesa, já a encarava com um olhar de piedade. Paul estava atrasado em quase meia hora e Anahí já tinha tomado dois copos de suco de laranja. Por mais que tivesse mantido a calma com Maite mais cedo naquele dia, suas emoções estavam uma bagunça. Saber que Alfonso a tinha enganado durante todo aquele tempo de maneira tão baixa mexera com ela, mas Anahí não podia se entregar a tristeza, algo mais importante estava em jogo agora, algo não... alguém. E ela faria absolutamente tudo pela criança que crescia em seu ventre.

Aqueles pensamentos se aceleravam em sua mente, quando Paul cruzou o restaurante e se aproximou da mesa onde ela estava, abrindo um largo sorriso, ele lhe deu um beijo rápido nos lábios, antes de se sentar a sua frente.

— Mil perdões pelo atraso, meu amor... apareceu uns detalhes pro desfile em Barcelona e eu tive que dar umas assinaturas e gritar com alguns costureiros, você sabe como é...

Anahí sorriu, tomando um gole do seu suco.

— Sem problemas, Paul. Na agência também foi tudo muito corrido. Acho que a audiência da tutela do Julian pesou mais em todo mundo do que eu pensei a princípio.

— Mas e aí, como foram as coisas?

— A juíza deu a guarda pra Dulce. Justiça foi feita.

— Só notícias boas, então! – sorriu Paul, fazendo um sinal com a mão para o garçom se aproximar. —  O que quer pedir? Eu estava pensando em um Magret de Canard com um Bordeaux tinto pra acompanhar, o que acha?

— Por mim, tudo bem.

Os dois conversaram sobre trivialidades enquanto o prato era preparado. De seu lado, Paul falava sobre o trabalho e os preparativos para o desfile de sua próxima linha. Anahí continuava escutando, mas quase não respondia. Sua cabeça estava longe.

— Um Magret de Canard no ponto. – o garçom anunciou, colocando o peito de pato assado na mesa, retirando-se logo em seguida.

— Parece delicioso! – exclamou Anahí.

Paul ergueu a garrafa de vinho e encheu duas taças, dizendo:

— Esse vinho é divino! – ele encostou o nariz na borda, sorvendo o aroma. — Não vai provar?

— Estou dando um tempo nas bebidas alcoólicas. – respondeu Anahí, tossindo, visivelmente desconfortável.

Mas Paul a conhecia desde a adolescência e dele era difícil esconder qualquer coisa. O que ela não dizia, ele presumia.

— Tem mais alguma coisa sobre a audiência que você queira me contar?

— Tem sim, Paul, mas não é exatamente sobre a audiência. – ela levou uma mão as têmporas, balançando a cabeça. Como começar? — Lembra-se da nossa viagem a Paris?

— Claro, meu anjo! Foram os dias mais lindos da minha vida...

Anahí sorriu, desconfortável.

— Eu tenho uma coisa muito grave, bem séria mesmo pra te contar. Naquela viagem, eu não consegui encontrar a marca de anticoncepcional que eu uso, você até se ofereceu pra irmos a Itália, porque lá era possível que encontrássemos, mas eu preferi tentar a sorte e substituir por outra marca...

A taça que Paul erguia em direção a boca parou no meio do caminho. Seria possível que... aquele não era uma de seus maiores sonhos e ele sabia que Anahí não planejava engravidar tão cedo, mas ele amava aquela mulher desde a adolescência... quem sabe ter um filho com ela não fosse uma má ideia.

#BFF  - A fábrica de sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora