Capítulo Trinta e Seis

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Samantha estava positivamente arrasada. Pudera, a modelo tinha contado com os ovos dentro da galinha. Se empolgara demais com o editorial de moda e em nenhum momento cogitou a possibilidade do projeto não dar certo. E, por ironia, foi exatamente isso que aconteceu.

— Cinco centímetros, Poncho! Cinco centímetros a mais de cintura e esse é o fim da minha carreira!

— Não seja fatalista. E daí que essa loja não quis suas fotos? Você é maior do que isso...

Samantha revirou os olhos, enquanto sentava-se na cama para retirar os sapatos dos pés, que deviam estar com calos de tanto que ela tinha andado naquela tarde a procura de um novo trabalho.

— Sou maior mesmo... cinco centímetros maior. Uma gorda inútil!

— Venha. – Alfonso a chamou. Ele estava terminando de se barbear no banheiro.

— O quê? – ela entrou no espaço apertado, ficando ao lado dele.

— Se olhe no espelho, por favor.

Mesmo que relutante, Samantha fez o que o namorado pediu.

— Não vai funcionar.

— O que vê? – ele estava atrás dela, com as mãos em seus ombros.

— Poncho...

— Sem rodeios! O que vê refletido nesse espelho?

— Eu. Eu mesma. – ela respondeu, sorrindo um pouco.

— Você é mais do que o seu peso e muito mais do que a opinião que os outros tem de você. – disse Alfonso, encaixando a cabeça na curva do pescoço da modelo. — Lembra como era na UCLA? Acho que sua confiança foi o que mais me chamou a atenção quando nos conhecemos.

A mulher voltou a revirar os olhos.

— O que mais chamou sua atenção foi o fato de eu ser a primeira garota a te dar atenção.

— Vou ignorar isso.

Com um suspiro nos lábios, Samantha se desprendeu dos braços de Alfonso, voltando para o quarto. Ele não entendia... como poderia entender? Alfonso sempre a vira como uma deusa. Para ele,
ela sempre seria a garota mais cobiçada da UCLA que resolveu dar mole pra ele. Ele não conhecia a garotinha insegura que vivia por trás da fachada de musa das passarelas. Samantha chegava a questionar se fizera mesmo a escolha certa em tentar reatar o namoro com Alfonso. Ele estava tão diferente... ela estava tão diferente.

— Acontece que eu sempre dependi da opinião dos outros, Poncho. Sempre. Esse era o combustível da minha confiança. Por que acha que voltei de Nova Iorque?

Alfonso deu de ombros, sentando ao lado dela na cama.

— Você nunca me contou.

Ela dissera que viera por ele, mas Alfonso era esperto demais pra acreditar naquilo. De qualquer maneira, fossem quais fossem os motivos, Samantha fazia questão de guardá-los a sete chaves.

— Eu fiquei com vergonha. – ela o encarou. — A verdade é que a competição por lá é muito acirrada. Eu tive medo de tentar.

— Sente falta de Nova Iorque... da vida que levava lá? – perguntou Alfonso, com genuíno interesse.

— Sabe que sim. – ela assentiu. — Santa Bárbara é encantadora –

— Como cidade turística, mas não pra se viver. – Alfonso concluiu seu raciocínio. Não era a primeira vez que falavam sobre aquilo. Antes da traição, Samantha vivia falando sobre Nova Iorque.

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